RESENHA DO FILME 1984 DE GEORGE ORWEL
Darçoni M. Chaves (G. UEMS/UNOPAR)
Trata-se da adaptação para o cinema do
Livro 1984 - um romance clássico do autor inglês Eric Arthur Blair, conhecido
pelo codinome ou pseudônimo de George Orwel.
A obra mais parece uma profecia
sobre as formas com que a sociedade se desenvolveria no futuro.
Retratando no filme os sistemas totalitários e ditatoriais pelos qual o
mundo tem passado em sua história mais recente e as circunstancia com que se
tem dado as relações sociais e humanas.
Todavia tais acontecimentos não sejam colocados de uma maneira clara,
mais subliminarmente o enredo fala das probabilidades futuras da humanidade em ser
envolvida por idéias massificadoras oriundas de grupos restritos que usam e
abusam do poder para continuar impondo suas vontades sobre a maioria ou a
massa.
As artimanhas utilizadas pela
burguesia para manter o proletariado inerte, aparecem no filme utilizando
inúmeras ferramentas: como a castração do conhecimento, o controle mental e a
alienação dos homens guiados por leis e normas fortes o suficiente para
tirar-lhes as capacidades intelectuais individuais e leva-los a obedecer a um
sistema de pensamento coletivo e obediente.
No filme se apresentam claramente
as formas possíveis de manipulação exercidas pelo grande irmão ou o Estado que
a tudo pode, a tudo vê, sabe e controla inclusive o próprio idioma local.
As supostas guerras retratam as
lutas de classe e as formas como elas acontecem utilizando os conceitos
contrários como guerra e paz, produção e destruição, amor e ódio além de outros
conceitos contraditórios usados para a dominação.
Percebe-se também que o objetivo da manutenção e perpetuação do estado
de guerra pela classe dominante é apenas um elemento de manobra para se manter
no controle da situação.
E para que isso ocorra é preciso
provocar e se equilibrar na destruição de bens materiais, na limitação da
classe trabalhadora no acesso ao conhecimento, na alienação mental da população
presa em um grande e poderoso, nem que seja fictício líder.
Essas atitudes sempre foram usadas
e se mostram eficazes para evitar que os pobres ou o proletariado tenham a
chance de acumular riqueza e cultura.
As torturas físicas, os
fuzilamentos, as execuções públicas, aparecem nesse contexto apenas como uma
forma do Estado totalitário demonstrar sua força e a brutalidade dos seus
castigos.
Castigos esses, imputados áqueles
que ousavam pensar, refletir e analisar a realidade de maneira diferente
daquela imposta pelo estatus quo e desmotivar a grande maioria de fazê-lo.
A intervenção estatal feita
através de monitoramento por câmaras de vídeo demonstra a invasão cotidiana da
privacidade do homem, garantindo o controle da individualidade e o total
afastamento do ser de sua origem e condição humana, aprisionando-o totalmente
para que não possa refletir na possibilidade de uma realidade diferente daquela
ou ter direito a questioná-la.
1984 - reproduz uma realidade
mórbida que está se revelando em todas
as profecias de Orwel, pensadas em 1948 e publicadas em Oito de junho de 1949
quando o lançamento do seu livro. E cujo pensamento que nunca esteve tão atual.
Os personagens da história
representam cada uma das classes sociais do passado e do presente:
- Winston Smith
- protagonista do filme aparece como um homem comum, doente e que não se
conforma com a maneira dramática e violenta em que perdera sua família na infância
e o ódio que leva as escondidas contra o sistema imposto.
- Júlia – Amante
de Winston, uma ninfomaníaca que se rebela contra as leis proibitivas das
relações sexuais, porém é militante do partido mesmo vivendo em constante
conflito com as suas doutrinas.
- O’Brien – um agente do governo cuja missão era a de
descobrir elementos da resistência fazendo-se passar por um deles para depois traí-los,
entrega-los e tortura-los. (ou seja, um completo louco e pervertido).
- O Big Brother-
ou grande irmão – era uma representação simbólica utilizada pelo partido e aparecia
com os poderes de um autocrata da Oceania, onipresente, onisciente e
onipotente. (O estado ou um Deus)
- Emmanuel
Goldstein – o ex – membro do sistema e agora o opositor, o rival, que também
pode ter sido criado para alienar alguns na incerteza e na insegurança e assim
promover inimigos do Sistema para que fossem usados para impor o medo e a
obediência cega dos demais.
- O Partido – é
o grupo que está no poder e pode exercê-lo de várias maneiras, fascistas,
nazistas, comunistas, socialistas, democráticos e ou outras. Seu objetivo é
apenas se manter no poder não importando sob quais métodos.
Para conseguir isso o partido utiliza os ministérios como as principais
representações de seus interesses e moldados de forma a manter a hegemonia e a
harmonia da ideologia do Partido.
Ainda no filme as nações são
divididas em três grandes potencias:
- Oceania – O
império maior e mais forte que vive em (constante) guerra contra a Eurásia o
segundo maior. E a Lestásia o menor dos impérios.
Sendo que todos disputavam entre
si a posse por territórios como à África a Ásia e a Antártica.
É nesse cenário que se desenrola o
romance cheio de medos, mistério, oposições, traições.
Mostrando que liberdade,
felicidade, igualdade e humanidade não passam de utopia diante da realidade
impiedosa imposta pelos sistemas que governam as relações sociais.
É a podridão dos interesses pessoais dos que governam
que sempre vem antes do interesse coletivo.
Criando assim Sistemas e Governos
que não respeitam os direitos humanos e muito menos se preocupam com a
manutenção do bem comum.
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