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Darsony Chaves

Darsony Chaves
Darsony Chaves

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Como aprendi a vida


Como Aprendi a Ler


Estou redigindo este texto para a minha aula de Praticas de Leitura a pedido da Profª Silvane.
Falar sobre mim sempre foi um grande problema que tento assiduamente resolver, talvez pela condição de filha única e pra complicar ainda mais, minha mãe era professora na área rural e isso me colocou muito cedo em contacto com a sala de aula e a respeitar sua rotina.
Como me faltava outra criança com quem brincar nessas horas, eu me sentava em um canto qualquer da sala de aula de mamãe e ali ficava esperando pacientemente a hora do recreio, mas ao longo dessa espera e convivendo com o mundo das letrinhas e das histórias quando meus pais perceberam, eu estava totalmente alfabetizada em uma idade muito precoce o que gerou sérios aborrecimentos em minha vida escolar.
a minha pouca idade e o grau de conhecimentos que eu tinha solitária e silenciosamente alcançado, transformou-se em um grande desafio para meus pais e mestres, pois eu não me encaixava em nenhum perfil normal para as crianças da época.
Lembro-me ainda, o soletrar repetitivo das lições da cartilha “Caminho Suave” e como as sílabas ecoavam em minha mente, enquanto distraída eu procurava me fixar no gado que pastava lá fora, ou no canto dos pássaros que saltitavam nas ramadas das árvores que circundavam o barracão de zinco, onde precariamente funcionava a escola.
Tenho em minha memória tantas lembranças felizes e tristes que jamais caberiam nessa pequena redação.
Perpetuei em meu cérebro, se é que se pode dizer assim, os pequenos aromas e ruídos da minha infância rodeada de sílabas, vogais, consoantes e numerosinhos.
O cheiro do giz que tinha de ser usado molhado para melhor se fixar no rústico quadro negro, o suor dos cavalos usados como meio de transporte da maioria dos alunos e que esperavam pacientes e soltos no pequeno piquete construído por papai e que ficava atrás da escola, a algazarra infernal provocada pelas crianças em mais um final de aula, são detalhes que eu guardo e que me são tão caros.
Mas, de todas as lembranças nenhuma me dói tanto, como a lembrança do rosto cansado da minha mãe e de seu avental sujo de sangue que horas depois seria lavado e alvo como meus sonhos eu o veria mais uma vez estendido no varal dos fundos da nossa humilde casa.
Nesses momentos dolorosos, lembro minha mãe descansando em sua cama, enquanto meu pai fazia curativos numa cirurgia que há tempos ela havia se submetido e a qual nunca cicatrizava, parece que ainda sinto os seus longos e sedosos cabelos negros, deslizando em minhas mãos... Assim entre lágrimas e descobertas, eu ia lendo ás escondidas algumas páginas soltas que encontrava esporadicamente na lixeira da sala de aula, e fazendo meus primeiros rabiscos também com pedaços de lápis ali abandonados pelos seus donos e que tinham um valor inestimável para mim, quanta felicidade quando encontrava uma folha em branco, ali amassada...
Aprendi a conhecer o mundo muito cedo, de carona nas aulas de mamãe e nos seus livros, que eu lia freneticamente, enquanto ela pensava que eu apenas estivesse folheando-os, jamais danifiquei qualquer um, eu já conhecia seu valor.
A partir dos cinco anos, quando meus pais me descobriram alfabetizada, os livros começaram a chegar, o primeiro de todos foi “O Patinho Feio”, depois Soldadinhos de Chumbo, Pequeno Príncipe, e logo eu já estava me deliciando com a literatura de Monteiro Lobato,Jose Mauro Vasconcelos,Machado de Assis, entre outros... Assim eu iniciei e passei minha vida, e mamãe se foi, mas com a certeza de ter me deixado um grande legado... O amor pela leitura e pelos livros. 

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