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Darsony Chaves

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sábado, 27 de abril de 2013

Indios Bororos -TRISTES TRÓPICOS Lévi-Strauss- por Darsony chaves


UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL
                                                                             Darçoni M. Chaves (G. UEMS/UNOPAR)
                                                                                                     Geicyene Nunes (G. UEMS)
                                            Hellen Ferreira (Graduada UNOPAR, PG.UEMS, G. UEMS)
                                                                                                        Keille Ricardo (G.UEMS)
                                                                                                Rosineire dos Reis (G. UEMS)



TRISTES TRÓPICOS
Lévi-Strauss

Indios Bororos

O primeiro contato de Lévi-Strauss com os indígenas brasileiros aconteceu às margens do Rio Tibagi com a tribo dos Caingang, fato que deu origem ao livro “Tristes trópicos”.
        A permanência do autor junto a esses índios foi por ele descrita como uma iniciação para outras expedições que realizaria no futuro adentrando o Centro Oeste e o Norte brasileiro.
          O Paraná de então, mantinha muitas belezas naturais que exerceram grande fascínio sobre o etnólogo como ele cita em sua obra mais tarde. Uma das características dos agrupamentos de Caingang é o afastamento do litoral. E foi nas margens do rio Tibagi, numa região a quase mil metros acima do nível do mar, que Lévi-Strauss teve o seu primeiro contacto com esses indígenas.
          Para ele, a migração para o interior foi a forma de defesa e permitiu a sobrevivência dos grupos Caingang, num tempo marcado por lutas fratricidas com os Tupi-Guaranis.
          Mas se o deslocamento geográfico fez com que sobrevivessem às guerras contra outros povos indígenas, o mesmo não aconteceu no contacto com o colonizador, ainda segundo o relato de Lévi-Strauss, quando da sua visita, eles já estavam muito longe do estado primitivo.
           Do ponto de vista cultural, a assimilação deixou-os numa espécie de desequilíbrio, já não se podiam considerar índios, uma vez que perderam  parte das suas referências culturais, e ainda não pertenciam aos brancos. Com grande decepção minha, os índios do Tibagi não eram  índios verdadeiros nem,  tampouco selvagens.
           Das tribos Caingang do norte do Paraná as mais importantes são: a de Barão de Antonina, São Jerônimo da Serra onde Lévi-Strauss montou o seu acampamento, ambas no município de São Jerônimo da Serra, e a do Salto da Apucaraninha em Lerroville, no município de Londrina.  
          O antropólogo francês percorreu os rincões da região em lombo de cavalo, submetendo-se a condições duríssimas. "Como conseguiam os cavalos pousar as ferraduras, apesar da escuridão tornada impenetrável pela escuridão da vegetação que se cerrava a trinta metros acima das nossas cabeças, é coisa que não sei dizer. Só me lembro de horas de cavalgada sacudida pelo passo das nossas montarias."
Mas a situação indígena encontrada por Lévi-Strauss era dramática, a política indigenista dos governos de então foi alvo de reparos por parte do antropólogo, o choque cultural era evidente.
          O descaso governamental também a imposição da cultura branca hegemônica era evidente. Lévi-Strauss relatou também certa resistência à assimilação de determinados comportamentos.
          Da chamada "civilização", o antropólogo francês notou que foram mantidos apenas hábitos de vestuário, além de alguns instrumentos como o machado, a faca ou a agulha de costura.
          O autor utiliza então do conceito de recordação semiconsciente para explicar a ainda existência, nos hábitos da tribo, de alguns costumes de seus ancestrais. Em lugar de fósforos, os índios preferiam fazer fogo com a fricção de dois pedaços de madeira. Em vez das armas fornecidas pelo governo, preferiam caçar com arco e flecha ou bodoques.
A realidade encontrada pelo autor ainda mostrava traços do modo de vida primitivo, a horticultura tem um lugar de primeira importância nessa economia primitiva, atravessam-se, por vezes, em plena floresta arroteamentos indígenas, havia identificado aí uma forma de resistência aos costumes dos colonizadores.
A miscigenação dos Caingang com brancos e negros, que se iniciara já a partir do século XVIII, resultou em perdas das suas características raciais. Influenciada talvez pela prática ancestral, de oferecerem as suas mulheres aos estrangeiros. Na sua passagem pela região, Lévi-Strauss notou a grande incidência de casamentos entre as mesmas raças.  
          Uma das manifestações religiosas indígenas é a festa do kiki, em homenagem aos mortos. O xamanismo e a medicina tradicional também fazem parte desse contexto cultural.  O dualismo está no centro da cultura ancestral dos Caingang e manifesta-se já no mito da criação.
          Eles acreditam descender dos heróis irmãos Kamé e Kairu, que sistematizam as divisões entre os homens ao mesmo tempo estabelecem o princípio da exogamia, atribuindo papéis diversos aos homens e às mulheres.
          Essa dualidade foi identificada por Lévi-Strauss no contacto com os nativos e o leva  teorizar sobre duas linhas possíveis de dualismo, o diametral e o concêntrico.             
           A organização religiosa dos Caingang, no entender de Lévi-Strauss, comprova essa afirmação. O ritual do kiki é uma das mais fortes expressões da dualidade Caingang.
           Os fatores de consanguinidade e até mesmo de bravura determinavam a escolha do cacique o qual desempenhava uma função de liderança e de organização da tribo e era responsável pelo cumprimento das regras.
          Os problemas com o alcoolismo. Foi uma questão identificada por Lévi-Strauss: "Antes de partir, as estatísticas do posto tinham-me permitido apreciar os estragos causados pela malária, tuberculose e pelo alcoolismo."
          Lévi-Strauss também tomou contacto com o artesanato dos Caingang, marcado especialmente por peças de ripas de bambu entrelaçadas: "(...) cestos de todos os tamanhos e para todos os fins, que são outros tantos exemplo da técnica chamada ‘entrançado em mosaico’, tão frequente na América do Sul." Estes são indivíduos em permanente conflito de identidade, a viver na fronteira entre a sociedade civilizada e os valores antigos.
          Desde Lévi-Strauss, o problema dos homens invisíveis ganhou maior visibilidade. O Caingang escapou ao saque definitivo antevisto pelo antropólogo. Mas a história tem sido implacável com o mais fraco, e apesar de tudo o que tenha sido feito em favor dos indígenas nos últimos anos, o certo é que o índio enquanto ser de uma determinada cultura ancestral tende a desaparecer.
          Nada que não esteja contido no pessimismo do antropólogo, na tristeza que identificou nos trópicos.
          Porque, afinal, o próprio Lévi-Strauss fez o vaticínio: "(...) o mundo começou sem o homem e acabará sem ele."
Nalique é a capital da região de Caduveo, fica a 150 km de Guaicurus, aqui o autor descreve além dos insetos, a região, como ali chegar e os frutos nativos, como os jenipapos, guaviras e cajus. Os lugarejos desses locais se diferenciavam pelos povoados caboclos, os indígenas pelas roupas e tipo físico, sua língua era a caduveo.
          As casas abrigavam uma só família, no entanto, existiam galpões que comportavam até seis famílias, onde passava maior parte do seu tempo sentado, deitado ou de cócoras, algumas fabricavam colares, trançados de palha usados por homens e mulheres, sendo a cerâmica sua atividade principal.
          Viviam da caça, da coleta, da criação de alguns bois e animais de galinheiro. Nas mãos das crianças encontravam-se estatuetas de madeira esculpidas, que lhes serviam de bonecas.
O costume de um povo é sempre marcado por um estilo, fazendo um estudo dos costumes observados, percebe-se que tanto os reais ou possíveis aparecem agrupados em famílias.
          Na civilização dos Caduveo do Brasil, Lewis Carrol compara os índios cavaleiros à carta do baralho, traço este marcado pelas roupas, túnicas e capotes de couro, alargando os ombros e caindo em dobras rígidas, decoradas de preto e vermelho, em desenhos parecidos aos tapetes turcos, com motivos em formas de espadas, copas, ouro e de paus. Sua sociedade também era nobre. Tinham reis e rainhas.
O aborto e o infanticídio eram praticados de maneira quase normal, a perpetuação do grupo se efetuava por adoção mais do que por geração, um dos principais objetivos das expedições guerreiras era o de raptar crianças.
          Assim, calculava-se, no início do século XIX, que 10% apenas dos membros de um grupo guaicuru lhe pertencessem pelo sangue. Quando as crianças conseguiam nascer, não eram criadas pelos pais, mas confiadas a outra família. E essa criança adotiva ficava pintada com a cor preta até completar 12 anos, época de sua iniciação, quando então era lavada.
          A pintura corporal também servia para distinguir as hierarquias dentro do grupo.
Hoje, os Caduveo se pintam apenas por prazer; mas antes esse costume possuía uma significação mais profunda, era preciso estar pintado para ser homem, o que permanecia no estado natural não se distinguia dos brutos. Quanto do costume entre as mulheres se explica por considerações eróticas.
          A reputação das mulheres caduveo esta estabelecida nas duas margens do Rio Paraguai, muitos mestiços e índios de outras tribos vieram se instalar e casar em Nalique. As pinturas faciais e corporais explicam talvez essa atração, em todo o caso, elas a reforçam e simbolizam.
          Esses contornos delicados e sutis, tão sensíveis quanta as linhas do rosto e que ora as acentuam, ora as disfarçam, dão a mulher qualquer coisa de provocante. Por suas pinturas faciais, como por seu uso do aborto e do infanticídio, os Mbaia exprimiam o mesmo horror à natureza.
A arte caduveo e marcada por um dualismo: o dos homens e das mulheres, uns escultores, outras pintoras; os primeiros, presos a um estilo representativo e naturalista, apesar das estilizações, enquanto as segundas se dedicam a uma arte não representativa. As mulheres praticam os dois estilos, igualmente inspirados pelo espírito decorativo e pela abstração. Adorável civilização, cujo sonho as suas rainhas envolvem na pr6pria caracterização facial, hier6glifos descrevendo urna inacessível idade de ouro que, a falta de código, elas celebram em seus enfeites e cujos mistérios desvendam juntamente com a sua nudez.
Em sua viagem para a aldeia Bororo, o autor passou pela cidade de Corumbá que estava em fase de desenvolvimento. Destacou a sua falta de planejamento e as passagens encontradas em todas as partes.
          Também destaca a cidade de Cuiabá que foi fundada em meados do sec. XVIII, e a chegada dos bandeirantes que ali se instalaram e tiveram a ajuda dos índios na derrubada. O autor fala da atividade de garimpo dessa região, a importância dessa atividade colaborava com o crescimento da região. As aldeias kiki a nudez dos habitantes era protegidas por plumas, realçavam o brilho das pinturas que as pertenciam.
           O termo Bororo significa Pátio da Aldeia. Eles se autodenominam Boe. A sua linguagem é o Boe Wadaru e se enquadra no tronco lingüístico Macro-Jê.
           Os antigos bororos distribuíam-se por extensa região, compreendida entre a Bolívia, a oeste; o rio Araguaia, a leste, o rio das Mortes, ao norte; e o rio Taquari, ao sul.  
          Segundo Lévi-Strauss, para compreender essa sociedade é preciso procurar os sinais de sua dualidade, pois nela reside toda a complexidade da organização familiar, social e política desses povos.
          A tribo obedece a uma organização social rígida. A aldeia é dividida em duas partes ou metades representadas por norte e sul. Sera (Norte) e tugaré (Sul).
          O Sera representa o fraco, o bom, a cura, a vida, e detém o poder político, social e religioso, enquanto o Tugaré é o oposto, representando o forte, o criador da natureza e das coisas, o mau, a morte. Essa forma de divisão do espaço territorial da aldeia garante o equilíbrio e a igualdade entre os povos, pois todo tugaré é um Sera e todo Sera é também um tugaré.
          Mas, devido aos laços de parentesco e consaguinidade, esse espaço é novamente recortado, agora em lados leste e oeste, determinando a matrilinearidade, a leste (Montante) e a oeste (Jusante) que ainda se subdividem em quatro clãs com deveres muito bem definidos.                                   Eles reconhecem a liderança de dois chefes hereditários que sempre pertencem à metade Sera, conforme determinam seus mitos e todos possuem a sua linhagem materna.
          Pois no casamento entre Sera e tugaré ou vice e versa, o homem será sempre o que deve cruzar a linha e ir residir na casa onde nasceu sua esposa e que a recebeu de seus pais por herança.
          No centro da aldeia fica a casa dos homens, ambiente que não pode ser freqüentado pelas mulheres casadas, e ponto estratégico para que os homens não sintam falta de seu lar materno.
          Dentro desse espaço também são realizados os rituais sagrados masculinos, proibido para as mulheres. E como ele se encontra no centro da aldeia, funciona como o símbolo de uma sociedade fechada que se abrem em direção as bordas e ao mesmo tempo abriga todos os elementos masculinos sem distinção de metade.
          Dentro de cada clã há uma comunhão de bens culturais; nomes, cantos, pinturas, adornos, enfeites, seres da natureza que só podem ser usados pelos membros desse determinado clã.
Rituais como: a Festa do Milho, para celebrar a colheita do cereal, que é um alimento importante na nutrição dos índios; e a Perfuração de Orelha e Lábios, e o Ritual do Funeral, uma celebração sagrada para todos os índios.
          O funeral dos Bororo é o que mais chama atenção pela complexidade, podendo durar até dois meses e onde apresenta seu ritmo dual de viver. A morte de alguém pode provocar mudanças, reforçar as alianças e promover o revivamento das tradições
          No caso Bororo, o conhecimento ritual torna visíveis signos exteriores de estados interiores e, nesse sentido, é como se os sentidos do mundo passassem pelos sentidos do corpo.
          É também uma perspectiva adequada para se entender às implicações dos ritos funerários entre o Bororo, seja em termos dos processos de continuidade social eleitos por essa sociedade, seja em termos de sua força única de expressão estética, motivo de orgulho para os Bororos.
          A dualidade que torna tão complexa esse tipo de sociedade pode ser notada ainda com maior nitidez durante os jogos, danças, ritos e representações religiosas que ocorrem durante os dias dedicados ao funeral, pois isso funciona como o rompimento de uma condição e a passagem para outra, onde tudo deve ser renovado.
          O luto Bororo, dura até que seu morto, levado pela natureza causando prejuízo á tribo, seja vingado quando tira da natureza matando um animal de preferência de grande porte, como onças, jaguatiricas, etc. Cujo valor seja equivalente ao defunto.
Daí a alma do morto se junta ao Aboé e a tribo pode continuar vivendo em paz.
Fonte: TRISTES TRÓPICOS - Claude Lévi-Strauss.

2 comentários:

  1. Legal! Me ajudou. Pra ficar melhor tenta na próxima vez usar mais as suas palavras, Em vários momentos ficou claro que você parafraseou ou colou trechos inteiros do livro, e isso não é tao legal de se fazer sem aspas.

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    1. Obrigada pela dica, mas gostaria de esclarecer que esse texto publicado é um breve resumo do capítulo sobre os indígenas bororos retirado da obra de Levy Strauss

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