UEMS – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO
MATO GROSSO DO SUL
Darçoni M. Chaves (G)
A DIALÉTICA DO ESCLARECIMENTO:
Fragmentos
Filosóficos
Paranaíba
2012
1 – INTRODUÇÃO
O objetivo desse trabalho foi
elaborar um artigo simples para a disciplina de Filosofia III, do curso de
Ciências Sociais da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul. Como texto
complementar direcionado ao Professor Sinomar.
Para sua elaboração foi escolhido
o texto “Dialética do Esclarecimento – fragmentos filosóficos,” dos autores
Theodor W. Adorno e Max Horkheimer.
Onde foi efetuada uma pesquisa de cunho
bibliográfico, através da qual se pretende chegar a um maior entendimento sobre
o tema proposto.
2 - DESENVOLVIMENTO
A
partir da obra Dialética do Esclarecimento, de Theodoro W. Adorno e Max Horkheimer
procura-se
compreender as razões desse mesmo processo de esclarecimento ser visto pelos
autores como o caminho para o desencantamento do mundo e da forma como eles
correlacionam razão e mito.No entanto é preciso analisar em que condições tal obra foi escrita e os
conflitos pelos quais passava toda a humanidade em meio a duas grandes guerras
e no ápice de uma enorme transformação social.
O homem que saia de sua condição de submissão das forças da natureza e do
jugo religioso cuja existência estava à mercê da vontade soberana de Deus e
coagido pelo medo imposto pelas explicações mitológicas dos fenômenos naturais
percebeu que com o esclarecimento alcançaria o domínio das ciências e com isso
conquistaria sua autonomia, pois o domínio da realidade proporcionaria o
desencantamento do mundo regido pelos mitos.
Assim se compreende segundo Adorno e Horkheimer (1985):
O programa do esclarecimento era o desencantamento do mundo. Sua
meta era dissolver os mitos e substituir a imaginação pelo saber. Bacon “o pai
da filosofia experimental”, já reunira seus diferentes temas. Ele desprezava os
adeptos da tradição, que “primeiro acreditam que os outros sabem o que eles não
sabem; e depois que eles próprios sabem o que não sabem”. Adorno e Horkheimer, 1985, p 19
Mas para os autores o
esclarecimento ou a ideia de ser esclarecido por si só já é um grande mito e
que a ordem que damos naquilo que julgamos conhecer aparece apenas como uma
racionalização de um mito anterior. Isso faz parte do programa do
esclarecimento, objeto da perseguição humana com o objetivo de livrar-se do
medo e conquistar a condição de senhores. O que para Bacon não aconteceria
devido a alguns fatores assim expostos pelos autores:
Contudo, a credulidade, a aversão á dúvida, a temeridade no
responder, o vangloriar-se com o saber, a timidez no contradizer, o agir por
interesse, a preguiça nas investigações pessoais, o fetichismo verbal, o
deter-se em conhecimentos parciais: isto e coisas semelhantes impediram um
casamento feliz do entendimento humano com a natureza das coisas e o
acasalaram, em vez disso, a conceitos vãos e experimentos erráticos: O fruto e
a posteridade de tão gloriosa união podem-se facilmente imaginar. Adorno e
Horkheimer, 1985, p 19
A ciência vem tentando desmistificar a existência das coisas, e Bacon procurava
através do processo da negação descobrir o que realmente havia de racional nos
seres e no mundo, sendo assim ele desprezava aquilo que era visto como
tradição.
A ciência moderna rechaça as idéias filosóficas do mito e procura
explica-los, racionaliza-los dentro da história, enquanto a filosofia tenta
normatiza-los e explicar seus fenômenos.
Com isso os mitos vão perdendo seu caráter místico e se revelando através
dos experimentos e das descobertas cientificas, se afastando então do seu
momento histórico e se aproximando do que se acredita real, mas ao mesmo tempo
se reorganizando e se transformando.
Com a negação da metafísica os fenômenos antes vistos como algo
sobrenatural passa a ser explicados através de estudos científicos racionais.
Já não mais se explica o mundo de forma mística, mas sim de forma
racional e positiva o que ordena a realidade e fornece maior compreensão ao
homem dando-lhe mais segurança quanto a sua existência e também da existência
de todas as coisas.
Esse suposto conhecimento cientifico, cuja fórmula seria a de
desmistificar o mito, em sua tentativa faz com que o próprio esclarecimento se
mistifique e necessite de outra explicação racional como um processo de
metamorfose.
A ciência se coloca como a ferramenta para a superação do mito, da lenda,
da metafísica, da magia, mas sucumbe no mundo dos mitos que se formam pelo esclarecimento.
Sobre isso os autores continuam a afirmar que:
O mito converte-se em esclarecimento, e a natureza em mera
objetividade. O preço que os homens pagam pelo aumento de seu poder é a
alienação daquilo sobre o que exercem o poder. O esclarecimento comporta-se com
as coisas como o ditador se comporta com os homens. Este conhece-os na medida
em que pode manipula-los. O homem de ciências conhece as coisas na medida em
que pode faze-las. É assim que seu em-si
torna para-ele. Nessa metamorfose a essência das coisas revela-se como sempre
a mesma, como substrato da dominação. Essa identidade constitui a unidade da
natureza. Assim como a unidade do sujeito, ela tampouco constitui um
pressuposto da conjuração mágica.” Adorno e Horkheimer, 1985, p 24.
A racionalidade, ainda, segundo os autores, passou a desempenhar um papel
fundamental na existência do homem á partir do momento em que ele passa a ter
um maior domínio sobre a natureza e as suas invenções como a imprensa, o canhão
e a bússola lhes deram mais condições de se desenvolver e a partir de então o
mundo foi se transformando, mas o que realmente contribuiu para isso foi às
descobertas, os saberes, os esclarecimentos do homem.
De acordo com a teoria proposta, quando o entendimento vencer e destruir
todas as superstições ele então irá imperar e operar sobre a natureza
desencantada.
Quando o saber estiver à
disposição de todos então se espalhará o poder e para o homem já não mais
importará os conceitos da verdade, mas sim os da operacionalidade de
procedimentos eficazes que promovam melhores condições de vida. E essa é a
função da ciência.
Nessa condição de homem esclarecido ele irá cada vez mais buscar o
desconhecido impulsionado pelo seu desejo de revelação, de explicar todos os
mistérios.
Esse é o desencantamento do mundo, é a destruição do animismo, é a não
admissão da existência dos Deuses punitivos para suas almas, pois não mais
acreditarão na existência da alma que antes cumpria o mito de dar vida ás
coisas.
Nesse trajeto, todos os fundamentos antigos cairiam, os conceitos seriam
revistos, o que antes era conceito trocariam pela fórmula, a causa pela regra e
probabilidade, tudo seria explicável a partir de critérios, de cálculos e de
utilidade, e o mito seria derrotado pela força do pensamento.
Mas, segundo os autores o poder libertador do esclarecimento é o que o
transforma em mito, pois se trata de algo totalitário que ao contrario de
aparecer como libertador do homem, na verdade esse se faz prisioneiro daquele e
o homem passa a viver sob o jugo do seu próprio esclarecimento, dominado por
ele e reduzido pelas forças do cotidiano.
Assim o mito transformado em conhecimento também transforma a natureza em
mero papel de objetividade e o homem a ele sucumbe mais uma vez, prisioneiro de
tudo aquilo que ele julga exercer o poder e a sua libertação dos mitos, dos
dogmas religiosos, das forças da natureza o transforma em refém do capital, dos
modos de produção, da vida moderna.
Entende-se com isso que o capital que financia o desenvolvimento, o
esclarecimento e o conhecimento científico do homem sobre a natureza, torna-se
o elemento dominador do seu próprio criador e aquele que antes se acreditava
ter o poder de dominar passa em contrapartida a condição de dominado. Resumindo
segundo o texto (p.51)
“(...) A culpa é da ofuscação em que está mergulhada a sociedade. O
mítico respeito científico dos povos pelo dado, que eles, no entanto estão
continuamente a criar, acaba por se tornar ele próprio um fato positivo, a
fortaleza diante da qual a imaginação revolucionária se envergonha de si mesma
como utopismo e degenera numa confiança dócil na tendência objetiva da
história. (...) multiplicando o poder pela mediação do mercado a economia
burguesa (...) também multiplicou seus objetos e suas forças a tal ponto que
para sua administração (...) agora ela precisa de todos.” Adorno e Horkheimer,
1985, p 51-52.
E tudo isso faz com que ele próprio, o homem, a sua arte, o seu saber, o
seu esclarecimento se transforme em mercadoria e todo o seu sonho de liberdade
se aliena na continuidade e reprodução de um sistema capitalista que o mantem
alienado em uma falsa sensação de liberdade, mas que na verdade o aprisiona e o
domina e, “em face dessa possibilidade, o esclarecimento se converte, a serviço
do presente, numa total mistificação das massas”. (p.52)
Eis o conceito do esclarecimento Humano “O Homem fazendo-se crer livre
dos fenômenos da natureza torna-se escravo do seu suposto esclarecimento
cientifico e liberdade alienada ao acumulo de capital”.
3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
A história humana vem acontecendo com passagens por etapas distintas
consideradas como desenvolvimento, o pensamento filosófico cuja fonte está na
Grécia antiga vem durante os séculos abastecendo a busca por esclarecimento do
homem sobre as coisas e fenômenos naturais.
A continua tentativa de dominação e
a sede por poder aguçou a curiosidade humana
REFERENCIAS
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