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Darsony Chaves

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sábado, 27 de abril de 2013

A DIALÉTICA DO ESCLARECIMENTO: fragmentos filosóficos Theodor W. Adorno e Max Horkheimer.




               UEMS – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MATO GROSSO DO SUL
                                                                                                             Darçoni M. Chaves (G)


A DIALÉTICA DO ESCLARECIMENTO: fragmentos filosóficos
               Theodor W. Adorno e Max Horkheimer.

Paranaíba
2012

DARÇONÍ MACHADO CHAVES

A DIALÉTICA DO ESCLARECIMENTO: fragmentos filosóficos
               Theodor W. Adorno e Max Horkheimer.
Trabalho apresentado ao Curso de Licenciatura em Ciências Sociais da UEMS – Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Unidade Universitária de Paranaiba, para a disciplina de Filosofia III
Profª.me. Sinomar Ferreira do Rio
         
1. INTRODUÇÃO
Esse trabalho tem por objetivo analisar o texto A dialética do Esclarecimento – fragmentos filosóficos, dos autores Theodor W. Adorno e Max Horkheimer e busca compreender suas afirmações quando colocam que, esclarecer é objetivar, organizar o mundo.
Para realizar tal tarefa foi realizada a leitura dessa bibliografia de onde se procurou extrair algumas respostas sobre essas questões propostas e espera-se que ao final desse estudo se consiga atingir os objetivos.

2. DESENVOLVIMENTO
Quando os autores colocam que o esclarecimento é a tentativa humana de explicar as coisas e os mitos, através das ciências e que o esclarecimento, a ideia ou a pretensão de ser esclarecido por si só já se torna um grande mito, eles pressupõem que a ordem que se dá á aquilo que se julga conhecer se não for conhecido antes pelos métodos científicos, irá apenas se traduzir como a racionalização de um mito. De acordo com Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) p 08.
   (...) Do mesmo modo que os mitos já levam a cabo o esclarecimento, assim também o esclarecimento fica cada vez mais enredado, a cada passo que dá, na mitologia. Todo conteúdo, ele o recebe dos mitos, para destruí-los, e ao julgá-los, ele cai na órbita do mito. Ele quer se furtar ao processo do destino e da retribuição, fazendo-o pagão, ele próprio, uma retribuição. No mito, tudo o que acontece deve expiar uma pena pelo facto de ter acontecido. E assim continua no esclarecimento: o facto torna-se nulo, mal acabou de acontecer. A doutrina da igualdade entre a acção e a reacção afirmava o poder da repetição sobre o que existe muito tempo após os homens terem renunciado à ilusão de que pela repetição poderiam se identificar com a realidade repetida e, assim, escapar a seu poder. Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) p. 08.

Ainda afirmam que, a procura do homem pelo esclarecimento foi uma forma de tentar racionalizar aquilo que ele não conseguia explicar na natureza e que naquele momento era entendido como um fenômeno, um mito, essa curiosidade por descobrir o que realmente acontecia no mundo natural foi o que o impulsionou na tentativa de conhece – lo para poder dominá-lo. Segundo Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) p. 09.
(...) A abstracção, que é o instrumento do esclarecimento, comporta-se com seus objectos do mesmo modo que o destino, cujo conceito é por ele eliminado, ou seja, ela se comporta como um processo de liquidação. Sob o domínio nivelador do abstracto, que transforma todas as coisas na natureza em algo de reproduzível, e da indústria, para a qual esse domínio do abstracto prepara o reproduzível, os próprios liberados acabaram por se transformar naquele “destacamento” que Hege designou como o resultado do esclarecimento. A distância do sujeito com relação ao objecto, que é o pressuposto da abstracção, está fundada na distância em relação à coisa, que o senhor conquista através do dominado. Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) p.09
Essa necessidade de desmistificação dos fenômenos naturais parecia como um caminho a ser percorrido pelo ser humano para se libertar dos medos que a ele eram impostos, tanto por esses fenômenos, quanto pelos deuses mitológicos por eles criados e que apareciam como entidades punitivas que regiam tanto o mundo natural quanto o espiritual ou sobrenatural, e que influenciavam e direcionavam todas as suas ações e até mesmo os seus pensamentos. Assim, para Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) p. 11.
(...) A igualdade é o seu instrumento. É ela que, na civilização, regula o castigo e o mérito. As representações míticas também podem se reduzir integralmente a relações naturais. Assim como a constelação dos Gémeos remete, como todos os outros símbolos da dualidade, ao ciclo inescapável da natureza; assim como este mesmo ciclo tem, no símbolo do ovo, do qual provêm os demais, seu símbolo mais remoto; assim também a balança nas mãos de Zeus, que simboliza a justiça de todo o mundo patriarcal, remete à mera natureza. Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) p.11.
Esses Deuses criados a imagem e semelhança do homem pareciam cumprir um papel fundamental naquelas primeiras sociedades, pois sua presença manifestada pelas forças da natureza fazia com que a humanidade se mantivesse obediente e alienada a determinadas normas sociais e morais coagidas pelo respeito e medo desses deuses fenomenais cujo poder inexplicável e implacável deixava o homem comum indefeso e amedrontado. As forças sobrenaturais e furiosas desses seres divinos homem algum por muito tempo teve coragem de contestar.
                    Mas a partir do momento em que esse mesmo homem passou a olhar de forma diferente para o seu redor ele começou a questionar a existência das coisas, foi então que teve inicio as primeiras ações em direção ao esclarecimento, e a busca pela condição de liberdade tão desejada para livrar-se desses medos. Para Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) p. 11.
(...) A passagem do caos para a civilização, onde as condições naturais não mais exercem seu poder de maneira imediata, mas através da consciência dos homens, nada modificou no princípio da igualdade. Aliás, os homens expiaram essa passagem justamente com a adoração daquilo a que estavam outrora submetidos como as demais criaturas. Antes, os fetiches estavam sob a lei da igualdade. Agora, a própria igualdade torna-se fetiche. A venda sobre os olhos da Justiça não significa apenas que não se deve interferir no direito, mas que ele não nasceu da liberdade. Theodor W. Adorno e Max Horkheimer P.11

Os pensares filosóficos, entretanto, ao tentar explicar o mundo e seus fenômenos ele os normatizam e os classificam criando assim outros fenômenos e novos mitos. Por outro lado, as ciências de posse das idéias trazidas á luz pela filosofia procura meios de colocá-los á prova, analisando-os por meios racionais e científicos para poder melhor explica-los dentro da história. Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) p. 13, esclarecem que.
(...) Os conceitos filosóficos nos quais Platão e Aristóteles expõem o mundo, exigiram, com sua pretensão de validade universal, as relações por eles fundamentadas como a verdadeira e efectiva realidade. Esses conceitos provêm, como diz Vico, da praça do mercado de Atenas. Eles reflectiam com a mesma pureza das leis da física a igualdade dos cidadãos plenos e a inferioridade das mulheres, das crianças e dos escravos. A própria linguagem conferia ao que era dito, isto é, às relações da dominação, aquela universalidade que ela tinha assumido como veículo de uma sociedade civil. A ênfase metafísica, a sanção através de ideias e normas, nada mais era senão a hipostasiação da dureza e da exclusividade que os conceitos tinham que assumir onde quer que a linguagem reúna a comunidade dos dominantes para o exercício do comando. Na medida em que constituíam semelhante reforço do poder social da linguagem, as ideias se tornavam tanto mais supérfluas quanto mais crescia esse poder, e a linguagem da ciência preparou-lhes o fim. Não era à justificação consciente que se ligava a sugestão que ainda conserva algo do terror do fetiche. A unidade de colectividade e dominação mostram-se antes de tudo na universalidade que o mau conteúdo necessariamente assume na linguagem, tanto metafísica quanto científica. Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) P. 13.
Segundo esse raciocínio, as ciências e a filosofia, ao tentar explicar a natureza e dar uma significação para as coisas, acabam por criar condições para a formação de outros mitos, levando a entender que a desmistificação se torna em um processo mistificador, pois a racionalização do mundo através da história e das ciências faz com que esse mundo esclarecido se apresente na condição de um novo paradigma.
Portanto, o conceito do esclarecimento não se sustenta por que a razão quando colocada em pratica também se transforma em fenômeno o seu objeto de estudo e isso leva a crer que o mito prevalece quando ele se transforma em algo racionalizado. Na opinião de Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) p.15.
(...) O que aparece como triunfo da racionalidade objectiva, a submissão de todo ente ao formalismo lógico, tem por preço a subordinação obediente da razão ao imediatamente dado. Compreender o dado enquanto tal, descobrir nos dados não apenas suas relações espácio-temporais abstractas, com as quais se possa então agarrá-las, mas ao contrário pensá-las como a superfície, como aspectos mediatizados do conceito, que só se realizam no desdobramento de seu sentido social, histórico, humano – toda a pretensão do conhecimento é abandonada. Ela não consiste no mero perceber, classificar e calcular, mas precisamente na negação determinante de cada dado imediato. Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) P. 15
Os autores ainda afirmam que esse processo de esclarecer as coisas do mundo teve como legado as idéias Platônicas e Aristotélicas e que foi pelos procedimentos no uso da metafísica que se instaurou a necessidade de contestar a crença dos homens nas verdades universais prontas e sobre as quais atribuíram o papel de serem apenas superstições. Sobre isso  Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) p. 14, esclarecem que.

(...)A fatalidade com que os tempos pré-históricos sancionavam a morte ininteligível passa a caracterizar a realidade integralmente inteligível. O pânico meridiano com que os homens de repente se deram conta da natureza como totalidade encontrou sua correspondência no pânico que hoje está pronto a irromper a qualquer instante: os homens aguardam que este mundo sem saída seja incendiado por uma totalidade que eles próprios constituem e sobre a qual nada podem. O horror mítico do esclarecimento tem por objecto o mito. Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) p.14

Acreditavam ainda, que essas superstições que apareciam como verdades e conceitos incontestáveis serviam assegurar a obediência humana e para alimentar seus medos, pois a criação de deuses, demônios, imagens e rituais mágicos eram utilizadas por alguns para poder dominar os outros e para isso usavam as forças e os fenômenos naturais. Porém esses filósofos acreditavam que era possível dominar o mundo sem precisar fazer uso de forças ocultas e que a natureza poderia ser explicada e dominada pelo homem usando a observação cientifica a fim de demonstrar através da experimentação, da capacidade de conhecer a matéria e outros fenômenos que ocorriam na natureza como algo natural e não como o resultado de forças místicas da magia e das superstições. Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) p. 14, fala sobre esse homem.
(...) Ele não o descobre meramente em conceitos e palavras não aclarados, como presume a crítica da linguagem, mas em toda manifestação humana que não se situe no quadro teleológico da autoconservação. A frase de Spinoza: “Conatus sese conservandi primum et unicum virtutis est fundamentum” contém a verdadeira máxima de toda a civilização ocidental, onde vêm se aquietar as diferenças religiosas e filosóficas da burguesia. O eu que, após o extermínio metódico de todos os vestígios naturais como algo de mitológico, não queria mais ser nem corpo, nem sangue, nem alma e nem mesmo um eu natural, constituiu, sublimado num sujeito transcendental ou lógico, o ponto de referência da razão, a instância legisladora da acção. Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) p.14
Assim essas explicações racionais levam os homens ao esclarecimento o que resulta na percepção desse homem da sua própria existência e da sua condição de Eu, de individuo e dotado da capacidade de transformar a natureza a seu favor na sua condição de ser parte daquilo que passa a ser visto como realidade explicável e verdade racional, livre dos castigos e do medo do sobrenatural.
Mas o resultado desse esclarecimento que aparece como verdade única toma um aspecto de totalitarismo, pois prega a existência de uma ciência unitária que reduz a um denominador comum todas as coisas promoveu o aparecimento de um axioma que embora interpretado de maneiras diferentes por diferentes escolas, a sua estrutura de ciência unitária permanecia sempre a mesma. Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) p. 21, acreditam que.
(...) Mas enquanto o esclarecimento prova que estava com a razão contra toda hipostasiação da utopia e proclama impassível a dominação sob a forma da desunião, a ruptura entre o sujeito e o objecto que ele proíbe recobrir, torna-se, ela própria, o índice da inverdade dessa ruptura e o índice da verdade. A condenação da superstição significa sempre, ao mesmo tempo, o progresso da dominação e o seu desnudamento. O esclarecimento é mais que esclarecimento: natureza que se torna perceptível em sua alienação. No autoconhecimento do espírito como natureza em desunião consigo mesma, a natureza se chama a si mesma como antigamente, mas não mais imediatamente com seu nome presumido, que significa omnipotência, isto é, como “mana”, mas como algo de cego, mutilado. Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) p. 21.
Nesses embates científicos e filosóficos, estudiosos como Bacon, em sua obra, Una Scientia Universalis, e Leibniz na criação de Mathesis Universalis, reduzem as multiplicidades das figuras do mundo ligando: à posição e à ordem; a história ao fato; e as coisas à matéria. Para Bacon toda investigação cientifica precisa ter uma ligação lógica unívoca e ser medida em graus de universalidade.
Já de Maistre, zomba de Bacon por defendera troca da unicidade pela lógica, pois ele acredita no esclarecimento do mundo através da calculabilidade numérica ou matemática defendida por Platão, que acredita que para o esclarecimento tudo aquilo que não pode se reduzir a numero e a seguir a um uno, é uma ilusão, não pode ser visto como algo real. E essa ideia de unicidade, lógica ou matemática está presente em todos os escritos, de Parmênides a Russell. Quando na verdade o que realmente buscavam e interessava era a destruição dos deuses e de todas as qualidades e habilidades místicas.
Ao se desqualificar a natureza, o homem transformou-a em apenas matéria, mas ele também se desqualificou, pois o processo de classificação das coisas tirou dele a condição de ser, e o tornou em um mero ter. Trocando a sua identidade absoluta por outra abstrata e a existência de Deus foi submetida a analise de uma lógica discursiva e totalitária que também desvalorizou as crenças e a fé diante da sua pretensa verdade universal. Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) p. 22, explicam que.
(...) Ao fazer da necessidade, para todo o sempre, a base e ao depravar o espírito de maneira tipicamente idealista como o ápice, ele se agarrou com excessiva rigidez à herança da filosofia burguesa. Assim, a relação da necessidade com o reino da liberdade permaneceria meramente quantitativa, mecânica, e a natureza – colocada como algo inteiramente alheio e estranho, como ocorre na primeira mitologia – tornar-se-ia totalitária e absorveria a liberdade juntamente com o socialismo. Com o abandono do pensamento – que, em sua figura coisificada como matemática, máquina, organização, se vinga dos homens dele esquecidos – o esclarecimento abdicou de sua própria realização. Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) P.22.
Os pensamentos segundo Freud, sofreram influencias significativas ao passar da realidade mágica para a racional, ele precisou se adaptar face aos objetos para assim conquistar sua autonomia e se preparar para a técnica universal, para que pudesse ajustar seu ego á realidade racional. Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) p.21, Sobre o pensamento  colocam que.
(...) O pensamento, cujos mecanismos de compulsão reflectem e prolongam a natureza, também se reflecte a si mesmo, em virtude justamente de sua consequência inelutável, como a própria natureza esquecida de si mesma, como mecanismo de compulsão. É verdade que a representação é só um instrumento. Pensando, os homens distanciam-se da natureza a fim de torná-la presente de modo a ser dominada. Semelhante à coisa, à ferramenta material – que pegamos e conservamos em diferentes situações como a mesma, destacando assim o mundo como o caótico, multifário, disparatado do conhecido, uno, idêntico– o conceito é a ferramenta ideal que se encaixa nas coisas pelo lado por onde se pode pegá-las. Pois o pensamento se torna ilusório sempre que tenta renegar sua função separadora, de distanciamento e objectivação. Toda união mística permanece um logro, o vestígio impotentemente introvertido da revolução malbaratada Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947).p.21
Assim os homens de posse dessa percepção de esclarecidos e acreditando que com isso se libertaria dos medos e alcançaria sua desejada condição de liberdade, foi aos poucos se prendendo a novos mitos que nada mais são que a representação daquilo que já foi, forçando os homens a uma condição de igualdade e de conformidade, e igualando-os a realidade e a coesão social acaba por tirar de vez sua identidade como indivíduo e o transforma em simples elemento do coletivo e do liberalismo desamparados pelo saber, ele se torna massa. De acordo com Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) p. 21 que afirmam.
(...) Graças à resignação com que se confessa como dominação e se retrata na natureza, o espírito perde a pretensão senhorial que justamente o escraviza à natureza. Se é verdade que a humanidade na fuga da necessidade, no progresso e na civilização, não consegue se deter sem abandonar o próprio conhecimento, pelo menos ela não mais toma por garantias da liberdade vindoura os baluartes que levanta contra a necessidade, a saber, as instituições, as práticas da dominação que sempre constituíram o revide sobre a sociedade da submissão da natureza. Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947)  P.21
Segundo Shelling, quando o saber desampara o homem e o neutraliza entra em ação a arte, mas o mundo dominante burguês não abria espaço nem para a arte nem para a fé, pois via o como instrumento capaz de colocar em risco sua posição no poder e as verdades universais que o mantinha. Ao contrario do que afirma Durkheim, que via nessa neutralidade como se fossem tipos de solidariedades. Também para Kant na Critica da Razão Pura, o esclarecimento tirou tudo do homem, reduzindo-o apenas em uma certeza que seria a afirmação “Eu penso”. Em Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) p. 22, lê-se que.
(...) O esclarecimento se consuma e se supera quando os fins práticos mais próximos se revelam como o objectivo mais distante finalmente atingido, e os países, “dos quais seus espias e informantes nenhuma notícia trazem”, a saber, a natureza ignorada pela ciência dominadora, são recordados como os países da origem. Hoje, quando a utopia baconiana de “imperar na prática sobre a natureza” se realizou numa escala telúrica, tornou-se manifesta a essência da coacção que ele atribuía à natureza não dominada. Era a própria dominação. É à sua dissolução que pode agora proceder o saber em que Bacon vê a “superioridade dos homens”. Mas, em face dessa possibilidade, o esclarecimento se converte, a serviço do presente, na total mistificação das massas. Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) p.22
A divisão do trabalho, o fetiche da mercadoria, o medo da exclusão social, a aceitação do dominador, a alienação em uma liberdade subjetiva, transformou o homem em coisa. E essa coisificação humana, tirou dele a individualidade e o transformou em mercadoria, em mão de obra, em apenas um elemento a mais a lutar para se manter no mercado de trabalho. E o medo agora é outro, é o de não conseguir acompanhar o progresso do mundo esclarecido e prefere se manter, sem pensar em si, preso no encantamento falso de liberdade do sistema capitalista.


3. CONSIDERAÇÕES FINAIS


A leitura do texto A Dialética do Esclarecimento nos leva a refletir sobre o desenvolvimento das relações humanas ao longo da História, nelas podemos perceber que sempre houve a tentativa dos homens de impor seu poder sobre os outros homens.
Essa luta pelo poder e pela sobrevivência, o sedentarismo, a formação de tribos ou hordas, a propriedade privada, as ciências, o comercio, enfim o desenvolvimento intelectual como um todo, não parece ter sido um instrumento capaz de libertar ou igualar a espécie.
Segundo os autores, o simples fato do homem se pensar em uma condição de esclarecido, já o devolve a condição de prisioneiro, pois o mito do esclarecimento não proporciona a esse homem a liberdade sonhada, não é capaz o suficiente para livrá-lo dos seus medos.
Parece que quando o ser humano consegue explicar algo que antes ele temia pelo seu caráter de inexplicável, automaticamente esse mesmo inexplicável explicado, ou seja, esclarecido torna-se objeto gerador de outros medos, outras duvidas, outros mitos.
As duvidas, as reflexões, os questionamentos humanos aparecem nesse estudo como um fenômeno latente, pois para a filosofia o esclarecimento do homem acerca de si, do mundo e das coisas é colocado como uma teia que prende e aprisiona o ser a cada vez que tenta dela escapar.
A idéia de que só existe aquilo que a ciência pode experimentar, provar reduz a condição humana em objeto de experimento, faz das relações entre os homens uma guerra de poder.
Portanto, a liberdade e a igualdade humana parecem que irão continuar sempre se mostrando como algo mítico, pois sempre que se procura uma forma de esclarecê-las logo elas se transformam em outra forma mítica e assim sucessivamente. 

4. BIBLIOGRAFIA

ADORNO, Theodor W.; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. 7. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.

ADORNO, T. W. & HORKHEIMER, M. Dialética do Esclarecimento: Fragmentos Filosóficos, 1947. Disponível em: http://antivalor.vilabol.uol.com.br/ Acesso em 18 de Nov. de 2012.


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