UEMS – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO
MATO GROSSO DO SUL
Darçoni M. Chaves (G)
A DIALÉTICA DO ESCLARECIMENTO: fragmentos filosóficos
Theodor
W. Adorno e Max Horkheimer.
Paranaíba
2012
DARÇONÍ
MACHADO CHAVES
A DIALÉTICA DO ESCLARECIMENTO: fragmentos filosóficos
Theodor
W. Adorno e Max Horkheimer.
Trabalho
apresentado ao Curso de Licenciatura em Ciências Sociais da UEMS – Universidade
Estadual de Mato Grosso do Sul, Unidade Universitária de Paranaiba, para a
disciplina de Filosofia III
Profª.me.
Sinomar Ferreira do Rio
1. INTRODUÇÃO
Esse trabalho tem por objetivo analisar o texto A dialética do
Esclarecimento – fragmentos filosóficos, dos autores Theodor W. Adorno e Max
Horkheimer e busca compreender suas afirmações quando colocam que, esclarecer é
objetivar, organizar o mundo.
Para realizar tal tarefa foi realizada a leitura dessa bibliografia de
onde se procurou extrair algumas respostas sobre essas questões propostas e
espera-se que ao final desse estudo se consiga atingir os objetivos.
2. DESENVOLVIMENTO
Quando os autores colocam que o esclarecimento é a tentativa humana de
explicar as coisas e os mitos, através das ciências e que o esclarecimento, a
ideia ou a pretensão de ser esclarecido por si só já se torna um grande mito,
eles pressupõem que a ordem que se dá á aquilo que se julga conhecer se não for
conhecido antes pelos métodos científicos, irá apenas se traduzir como a
racionalização de um mito. De acordo com Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947)
p 08.
(...) Do
mesmo modo que os mitos já levam a cabo o esclarecimento, assim também o
esclarecimento fica cada vez mais enredado, a cada passo que dá, na mitologia.
Todo conteúdo, ele o recebe dos mitos, para destruí-los, e ao julgá-los, ele
cai na órbita do mito. Ele quer se furtar ao processo do destino e da
retribuição, fazendo-o pagão, ele próprio, uma retribuição. No mito, tudo o que
acontece deve expiar uma pena pelo facto de ter acontecido. E assim continua no
esclarecimento: o facto torna-se nulo, mal acabou de acontecer. A doutrina da
igualdade entre a acção e a reacção afirmava o poder da repetição sobre o que
existe muito tempo após os homens terem renunciado à ilusão de que pela
repetição poderiam se identificar com a realidade repetida e, assim, escapar a
seu poder. Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) p. 08.
Ainda afirmam que, a procura do homem pelo esclarecimento foi uma forma
de tentar racionalizar aquilo que ele não conseguia explicar na natureza e que
naquele momento era entendido como um fenômeno, um mito, essa curiosidade por
descobrir o que realmente acontecia no mundo natural foi o que o impulsionou na
tentativa de conhece – lo para poder dominá-lo. Segundo Theodor W. Adorno e Max
Horkheimer (1947) p. 09.
(...) A abstracção, que é o instrumento do
esclarecimento, comporta-se com seus objectos do mesmo modo que o destino, cujo
conceito é por ele eliminado, ou seja, ela se comporta como um processo de
liquidação. Sob o domínio nivelador do abstracto, que transforma todas as
coisas na natureza em algo de reproduzível, e da indústria, para a qual esse
domínio do abstracto prepara o reproduzível, os próprios liberados acabaram por
se transformar naquele “destacamento” que Hege designou como o resultado do
esclarecimento. A distância do sujeito com relação ao objecto, que é o
pressuposto da abstracção, está fundada na distância em relação à coisa, que o
senhor conquista através do dominado. Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947)
p.09
Essa necessidade de desmistificação dos fenômenos naturais parecia como
um caminho a ser percorrido pelo ser humano para se libertar dos medos que a
ele eram impostos, tanto por esses fenômenos, quanto pelos deuses mitológicos
por eles criados e que apareciam como entidades punitivas que regiam tanto o
mundo natural quanto o espiritual ou sobrenatural, e que influenciavam e
direcionavam todas as suas ações e até mesmo os seus pensamentos. Assim, para Theodor
W. Adorno e Max Horkheimer (1947) p. 11.
(...) A igualdade é o seu instrumento. É ela que, na
civilização, regula o castigo e o mérito. As representações míticas também
podem se reduzir integralmente a relações naturais. Assim como a constelação
dos Gémeos remete, como todos os outros símbolos da dualidade, ao ciclo
inescapável da natureza; assim como este mesmo ciclo tem, no símbolo do ovo, do
qual provêm os demais, seu símbolo mais remoto; assim também a balança nas mãos
de Zeus, que simboliza a justiça de todo o mundo patriarcal, remete à mera
natureza. Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) p.11.
Esses Deuses criados a imagem e semelhança do homem pareciam cumprir um
papel fundamental naquelas primeiras sociedades, pois sua presença manifestada
pelas forças da natureza fazia com que a humanidade se mantivesse obediente e
alienada a determinadas normas sociais e morais coagidas pelo respeito e medo
desses deuses fenomenais cujo poder inexplicável e implacável deixava o homem
comum indefeso e amedrontado. As forças sobrenaturais e furiosas desses seres
divinos homem algum por muito tempo teve coragem de contestar.
Mas a partir do momento em
que esse mesmo homem passou a olhar de forma diferente para o seu redor ele
começou a questionar a existência das coisas, foi então que teve inicio as
primeiras ações em direção ao esclarecimento, e a busca pela condição de
liberdade tão desejada para livrar-se desses medos. Para Theodor W. Adorno e
Max Horkheimer (1947) p. 11.
(...) A passagem do caos para a civilização, onde as
condições naturais não mais exercem seu poder de maneira imediata, mas através
da consciência dos homens, nada modificou no princípio da igualdade. Aliás, os
homens expiaram essa passagem justamente com a adoração daquilo a que estavam
outrora submetidos como as demais criaturas. Antes, os fetiches estavam sob a lei
da igualdade. Agora, a própria igualdade torna-se fetiche. A venda sobre os
olhos da Justiça não significa apenas que não se deve interferir no direito,
mas que ele não nasceu da liberdade. Theodor W.
Adorno e Max Horkheimer P.11
Os pensares filosóficos, entretanto, ao tentar explicar o mundo e seus
fenômenos ele os normatizam e os classificam criando assim outros fenômenos e
novos mitos. Por outro lado, as ciências de posse das idéias trazidas á luz
pela filosofia procura meios de colocá-los á prova, analisando-os por meios
racionais e científicos para poder melhor explica-los dentro da história. Theodor
W. Adorno e Max Horkheimer (1947) p. 13, esclarecem que.
(...) Os conceitos filosóficos nos quais Platão e
Aristóteles expõem o mundo, exigiram, com sua pretensão de validade universal,
as relações por eles fundamentadas como a verdadeira e efectiva realidade.
Esses conceitos provêm, como diz Vico, da praça do mercado de Atenas. Eles
reflectiam com a mesma pureza das leis da física a igualdade dos cidadãos
plenos e a inferioridade das mulheres, das crianças e dos escravos. A própria
linguagem conferia ao que era dito, isto é, às relações da dominação, aquela
universalidade que ela tinha assumido como veículo de uma sociedade civil. A
ênfase metafísica, a sanção através de ideias e normas, nada mais era senão a
hipostasiação da dureza e da exclusividade que os conceitos tinham que assumir
onde quer que a linguagem reúna a comunidade dos dominantes para o exercício do
comando. Na medida em que constituíam semelhante reforço do poder social da
linguagem, as ideias se tornavam tanto mais supérfluas quanto mais crescia esse
poder, e a linguagem da ciência preparou-lhes o fim. Não era à justificação
consciente que se ligava a sugestão que ainda conserva algo do terror do
fetiche. A unidade de colectividade e dominação mostram-se antes de tudo na
universalidade que o mau conteúdo necessariamente assume na linguagem, tanto
metafísica quanto científica. Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) P. 13.
Segundo esse raciocínio, as ciências e a filosofia, ao tentar explicar a
natureza e dar uma significação para as coisas, acabam por criar condições para
a formação de outros mitos, levando a entender que a desmistificação se torna
em um processo mistificador, pois a racionalização do mundo através da história
e das ciências faz com que esse mundo esclarecido se apresente na condição de
um novo paradigma.
Portanto, o conceito do esclarecimento não se sustenta por que a razão
quando colocada em pratica também se transforma em fenômeno o seu objeto de
estudo e isso leva a crer que o mito prevalece quando ele se transforma em algo
racionalizado. Na opinião de Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) p.15.
(...) O que aparece como triunfo da racionalidade
objectiva, a submissão de todo ente ao formalismo lógico, tem por preço a
subordinação obediente da razão ao imediatamente dado. Compreender o dado
enquanto tal, descobrir nos dados não apenas suas relações espácio-temporais
abstractas, com as quais se possa então agarrá-las, mas ao contrário pensá-las
como a superfície, como aspectos mediatizados do conceito, que só se realizam
no desdobramento de seu sentido social, histórico, humano – toda a pretensão do
conhecimento é abandonada. Ela não consiste no mero perceber, classificar e
calcular, mas precisamente na negação determinante de cada dado imediato.
Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) P. 15
Os autores ainda afirmam que esse processo de esclarecer as coisas do
mundo teve como legado as idéias Platônicas e Aristotélicas e que foi pelos
procedimentos no uso da metafísica que se instaurou a necessidade de contestar
a crença dos homens nas verdades universais prontas e sobre as quais atribuíram
o papel de serem apenas superstições. Sobre isso Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) p.
14, esclarecem que.
(...)A fatalidade com que os tempos pré-históricos
sancionavam a morte ininteligível passa a caracterizar a realidade
integralmente inteligível. O pânico meridiano com que os homens de repente se
deram conta da natureza como totalidade encontrou sua correspondência no pânico
que hoje está pronto a irromper a qualquer instante: os homens aguardam que
este mundo sem saída seja incendiado por uma totalidade que eles próprios
constituem e sobre a qual nada podem. O horror mítico do esclarecimento tem por
objecto o mito. Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) p.14
Acreditavam ainda, que essas superstições que apareciam como verdades e
conceitos incontestáveis serviam assegurar a obediência humana e para alimentar
seus medos, pois a criação de deuses, demônios, imagens e rituais mágicos eram utilizadas
por alguns para poder dominar os outros e para isso usavam as forças e os
fenômenos naturais. Porém esses filósofos acreditavam que era possível dominar
o mundo sem precisar fazer uso de forças ocultas e que a natureza poderia ser
explicada e dominada pelo homem usando a observação cientifica a fim de
demonstrar através da experimentação, da capacidade de conhecer a matéria e
outros fenômenos que ocorriam na natureza como algo natural e não como o
resultado de forças místicas da magia e das superstições. Theodor W. Adorno e
Max Horkheimer (1947) p. 14, fala sobre esse homem.
(...) Ele não o descobre meramente em conceitos e
palavras não aclarados, como presume a crítica da linguagem, mas em toda
manifestação humana que não se situe no quadro teleológico da autoconservação.
A frase de Spinoza: “Conatus sese conservandi primum et unicum virtutis est
fundamentum” contém a verdadeira máxima de toda a civilização ocidental, onde
vêm se aquietar as diferenças religiosas e filosóficas da burguesia. O eu que,
após o extermínio metódico de todos os vestígios naturais como algo de
mitológico, não queria mais ser nem corpo, nem sangue, nem alma e nem mesmo um
eu natural, constituiu, sublimado num sujeito transcendental ou lógico, o ponto
de referência da razão, a instância legisladora da acção. Theodor W. Adorno e
Max Horkheimer (1947) p.14
Assim essas explicações racionais levam os homens ao esclarecimento o que
resulta na percepção desse homem da sua própria existência e da sua condição de
Eu, de individuo e dotado da capacidade de transformar a natureza a seu favor
na sua condição de ser parte daquilo que passa a ser visto como realidade
explicável e verdade racional, livre dos castigos e do medo do sobrenatural.
Mas o resultado desse esclarecimento que aparece como verdade única toma
um aspecto de totalitarismo, pois prega a existência de uma ciência unitária
que reduz a um denominador comum todas as coisas promoveu o aparecimento de um
axioma que embora interpretado de maneiras diferentes por diferentes escolas, a
sua estrutura de ciência unitária permanecia sempre a mesma. Theodor W. Adorno
e Max Horkheimer (1947) p. 21, acreditam que.
(...) Mas enquanto o esclarecimento prova que estava
com a razão contra toda hipostasiação da utopia e proclama impassível a
dominação sob a forma da desunião, a ruptura entre o sujeito e o objecto que
ele proíbe recobrir, torna-se, ela própria, o índice da inverdade dessa ruptura
e o índice da verdade. A condenação da superstição significa sempre, ao mesmo
tempo, o progresso da dominação e o seu desnudamento. O esclarecimento é mais
que esclarecimento: natureza que se torna perceptível em sua alienação. No
autoconhecimento do espírito como natureza em desunião consigo mesma, a
natureza se chama a si mesma como antigamente, mas não mais imediatamente com
seu nome presumido, que significa omnipotência, isto é, como “mana”, mas como
algo de cego, mutilado. Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) p. 21.
Nesses embates científicos e filosóficos, estudiosos como Bacon, em sua
obra, Una Scientia Universalis, e
Leibniz na criação de Mathesis Universalis,
reduzem as multiplicidades das figuras do mundo ligando: à posição e à ordem;
a história ao fato; e as coisas à matéria. Para Bacon toda investigação
cientifica precisa ter uma ligação lógica unívoca e ser medida em graus de
universalidade.
Já de Maistre, zomba de Bacon por defendera troca da unicidade pela
lógica, pois ele acredita no esclarecimento do mundo através da calculabilidade
numérica ou matemática defendida por Platão, que acredita que para o
esclarecimento tudo aquilo que não pode se reduzir a numero e a seguir a um
uno, é uma ilusão, não pode ser visto como algo real. E essa ideia de
unicidade, lógica ou matemática está presente em todos os escritos, de
Parmênides a Russell. Quando na verdade o que realmente buscavam e interessava
era a destruição dos deuses e de todas as qualidades e habilidades místicas.
Ao se desqualificar a natureza, o homem transformou-a em apenas matéria,
mas ele também se desqualificou, pois o processo de classificação das coisas
tirou dele a condição de ser, e o tornou em um mero ter. Trocando a sua
identidade absoluta por outra abstrata e a existência de Deus foi submetida a
analise de uma lógica discursiva e totalitária que também desvalorizou as
crenças e a fé diante da sua pretensa verdade universal. Theodor W. Adorno e
Max Horkheimer (1947) p. 22, explicam que.
(...) Ao fazer da necessidade, para todo o sempre, a
base e ao depravar o espírito de maneira tipicamente idealista como o ápice,
ele se agarrou com excessiva rigidez à herança da filosofia burguesa. Assim, a
relação da necessidade com o reino da liberdade permaneceria meramente
quantitativa, mecânica, e a natureza – colocada como algo inteiramente alheio e
estranho, como ocorre na primeira mitologia – tornar-se-ia totalitária e
absorveria a liberdade juntamente com o socialismo. Com o abandono do
pensamento – que, em sua figura coisificada como matemática, máquina, organização,
se vinga dos homens dele esquecidos – o esclarecimento abdicou de sua própria
realização. Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) P.22.
Os pensamentos segundo Freud, sofreram influencias significativas ao
passar da realidade mágica para a racional, ele precisou se adaptar face aos
objetos para assim conquistar sua autonomia e se preparar para a técnica
universal, para que pudesse ajustar seu ego á realidade racional. Theodor W.
Adorno e Max Horkheimer (1947) p.21, Sobre o pensamento colocam que.
(...) O pensamento, cujos mecanismos de compulsão
reflectem e prolongam a natureza, também se reflecte a si mesmo, em virtude
justamente de sua consequência inelutável, como a própria natureza esquecida de
si mesma, como mecanismo de compulsão. É verdade que a representação é só um
instrumento. Pensando, os homens distanciam-se da natureza a fim de torná-la
presente de modo a ser dominada. Semelhante à coisa, à ferramenta material –
que pegamos e conservamos em diferentes situações como a mesma, destacando assim
o mundo como o caótico, multifário, disparatado do conhecido, uno, idêntico– o
conceito é a ferramenta ideal que se encaixa nas coisas pelo lado por onde se
pode pegá-las. Pois o pensamento se torna ilusório sempre que tenta renegar sua
função separadora, de distanciamento e objectivação. Toda união mística
permanece um logro, o vestígio impotentemente introvertido da revolução
malbaratada Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947).p.21
Assim os homens de posse dessa percepção de esclarecidos e acreditando que
com isso se libertaria dos medos e alcançaria sua desejada condição de
liberdade, foi aos poucos se prendendo a novos mitos que nada mais são que a
representação daquilo que já foi, forçando os homens a uma condição de
igualdade e de conformidade, e igualando-os a realidade e a coesão social acaba
por tirar de vez sua identidade como indivíduo e o transforma em simples
elemento do coletivo e do liberalismo desamparados pelo saber, ele se torna
massa. De acordo com Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) p. 21 que
afirmam.
(...) Graças à resignação com que se confessa como
dominação e se retrata na natureza, o espírito perde a pretensão senhorial que
justamente o escraviza à natureza. Se é verdade que a humanidade na fuga da
necessidade, no progresso e na civilização, não consegue se deter sem abandonar
o próprio conhecimento, pelo menos ela não mais toma por garantias da liberdade
vindoura os baluartes que levanta contra a necessidade, a saber, as
instituições, as práticas da dominação que sempre constituíram o revide sobre a
sociedade da submissão da natureza. Theodor W. Adorno e Max Horkheimer
(1947) P.21
Segundo Shelling, quando o saber desampara o homem e o neutraliza entra
em ação a arte, mas o mundo dominante burguês não abria espaço nem para a arte
nem para a fé, pois via o como instrumento capaz de colocar em risco sua
posição no poder e as verdades universais que o mantinha. Ao contrario do que
afirma Durkheim, que via nessa neutralidade como se fossem tipos de
solidariedades. Também para Kant na Critica da Razão Pura, o esclarecimento
tirou tudo do homem, reduzindo-o apenas em uma certeza que seria a afirmação “Eu
penso”. Em Theodor
W. Adorno e Max Horkheimer (1947) p. 22, lê-se que.
(...) O esclarecimento se consuma e se supera quando
os fins práticos mais próximos se revelam como o objectivo mais distante
finalmente atingido, e os países, “dos quais seus espias e informantes nenhuma
notícia trazem”, a saber, a natureza ignorada pela ciência dominadora, são
recordados como os países da origem. Hoje, quando a utopia baconiana de
“imperar na prática sobre a natureza” se realizou numa escala telúrica,
tornou-se manifesta a essência da coacção que ele atribuía à natureza não
dominada. Era a própria dominação. É à sua dissolução que pode agora proceder o
saber em que Bacon
vê a “superioridade dos homens”. Mas, em face dessa possibilidade, o
esclarecimento se converte, a serviço do presente, na total mistificação das
massas. Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1947) p.22
A divisão do trabalho, o fetiche da mercadoria, o medo da exclusão
social, a aceitação do dominador, a alienação em uma liberdade subjetiva,
transformou o homem em coisa. E essa coisificação humana, tirou dele a
individualidade e o transformou em mercadoria, em mão de obra, em apenas um elemento
a mais a lutar para se manter no mercado de trabalho. E o medo agora é outro, é
o de não conseguir acompanhar o progresso do mundo esclarecido e prefere se
manter, sem pensar em si, preso no encantamento falso de liberdade do sistema
capitalista.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A leitura do texto A Dialética do Esclarecimento nos leva a refletir
sobre o desenvolvimento das relações humanas ao longo da História, nelas
podemos perceber que sempre houve a tentativa dos homens de impor seu poder
sobre os outros homens.
Essa luta pelo poder e pela sobrevivência, o sedentarismo, a formação de
tribos ou hordas, a propriedade privada, as ciências, o comercio, enfim o
desenvolvimento intelectual como um todo, não parece ter sido um instrumento
capaz de libertar ou igualar a espécie.
Segundo os autores, o simples fato do homem se pensar em uma condição de
esclarecido, já o devolve a condição de prisioneiro, pois o mito do
esclarecimento não proporciona a esse homem a liberdade sonhada, não é capaz o
suficiente para livrá-lo dos seus medos.
Parece que quando o ser humano consegue explicar algo que antes ele temia
pelo seu caráter de inexplicável, automaticamente esse mesmo inexplicável
explicado, ou seja, esclarecido torna-se objeto gerador de outros medos, outras
duvidas, outros mitos.
As duvidas, as reflexões, os questionamentos humanos aparecem nesse
estudo como um fenômeno latente, pois para a filosofia o esclarecimento do
homem acerca de si, do mundo e das coisas é colocado como uma teia que prende e
aprisiona o ser a cada vez que tenta dela escapar.
A idéia de que só existe aquilo que a ciência pode experimentar, provar
reduz a condição humana em objeto de experimento, faz das relações entre os
homens uma guerra de poder.
Portanto, a liberdade e a igualdade humana parecem que irão continuar
sempre se mostrando como algo mítico, pois sempre que se procura uma forma de
esclarecê-las logo elas se transformam em outra forma mítica e assim
sucessivamente.
4. BIBLIOGRAFIA
ADORNO, Theodor W.; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. 7. ed. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
ADORNO, T. W. &
HORKHEIMER, M. Dialética do
Esclarecimento: Fragmentos Filosóficos, 1947. Disponível em: http://antivalor.vilabol.uol.com.br/
Acesso em 18 de Nov. de 2012.
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