SOCIOLOGIA
AMBIENTAL NO ENSINO MÉDIO : uma reflexão sobre as relações entre sociedade e
meio ambiente.
O modo moderno de vida
humana tem causado inúmeras discussões acerca da insustentabilidade que está se
desenvolvendo no planeta devido a grande proporção que tomou o processo de
exploração dos recursos naturais, o desenvolvimento industrial, a expansão
urbana e o consumismo desenfreado causado pelo sistema capitalista, que
aparecem como fatores que vem abalando todo o equilíbrio ambiental.
O tema da tese de
mestrado (USP) dos autores Samia Nascimento Sulaiman e Virginia Talaveira
“Educação Ambiental e Sociologia Ambiental: interlocuções com a teoria da
reflexividade” vêm propor mudanças no sistema de ensino de forma que ele possa
contribui para o desenvolvimento de cidadãos ecologicamente conscientes e
reflexivos no que diz respeito aos assuntos ambientais.
A implantação da educação
ambiental nas escolas de ensino fundamental e a sociologia ambiental nas
escolas de nível médio pode ser visto como ferramentas para desenvolver tal função.
Pois segundo as autoras o processo de
sustentabilidade proposto por diversos paises do mundo cujo movimento
preservacionista iniciado em 1970 pelo Relatório do Clube de Roma, se estendeu
em várias conferências realizadas desde então, e foram responsáveis por
orientar, reavaliar e normatizar os processos econômicos, políticos sociais, culturais,
e educativos sobre a necessidade da preservação do meio e no desenvolvimento de
ações de sustentabilidade.
Essa sustentabilidade,
no entanto só poderá ser alcançada a partir da construção de uma sociedade
consciente e preparada para quebrar os paradigmas modernos responsáveis pelo
grande e crescente numero de desastres ambientais que segundo (BECK, 1997)
aparecem como resultados das invenções tecnológicas poluidoras além de outros
fatores que estão contribuindo na criação de uma sociedade de risco.
A sociologia ambiental pode contribuir
com o processo de sustentabilidade se colocar em prática os conhecimentos
reflexivos associados às questões como, produção de bens e serviços, políticas
publicas e saúde, além das relações sociais e de consumo e dos males causados
pela desigualdade social. Esses conhecimentos poderão levar os indivíduos a
refletir e reavaliar seu comportamento diante das convenções propostas pela
sociedade de consumo, auxiliando desse modo a corrigir e a redirecionar as
bases da coesão social.
Para Boaventura S. Santos
(2006) essas bases da coesão social estão calçadas num tripé de paradigmas que
seriam: um positivista que prevê a distinção entre sujeito e objeto / natureza
e sociedade. Outro cientificista que considera as verdades cientifica pautado
nas coisas funcionais e desconsidera outros saberes e por fim o determinista
que reduz a vida em simples fórmulas matemáticas. Para Giddens, (1995:96) a
problemática ambiental deve ser vista muito mais que uma revisão paradigmática,
mas numa acelerada mudança nas relações entre as decisões individuais do
cotidiano humano pautada na observância de seus resultados globais.
Acredita-se então que a
realidade sendo um processo resultante das escolhas individuais, a sociologia e
a educação ambiental têm um papel muito importante a cumprir nessa missão de
transformação de comportamentos e de consciência, e que junto podem propor por
meio do processo pedagógico contribuições para o desenvolvimento e a formação
de uma sociedade mais consciente e preocupada com a relação socioambiental. A
aquisição de tais conhecimentos também auxiliará no esclarecimento sobre possíveis
habilidades, mudanças de atitudes, motivação comportamental que promova
compromissos individuais e coletivos na busca por soluções emergenciais e
atuais e ações preventivas de problemas sociais e acidentes ambientais futuros.
Nessa pesquisa, as
autoras partiram da teoria social de Beck e Giddens que colocam a sociedade
industrial moderna como vítima dos próprios riscos criados por ela. E que seu
processo de modernização poderá falhar se antes não assentar suas ações na
reflexividade. E que a educação ambiental é importante para que os riscos sejam
reavaliados, e para que se encontrem meios capazes de quebrar os conceitos
humanos sobre a sua relação com o meio ambiente.
BECK, U. Modernização
reflexiva: política, tradição e estética na ordem social moderna. São
Paulo: EDUSP, 1997.
GIDDENS A, BECK, U. LASH. Modernização
Reflexiva. São Paulo: Editora da UNESP, 1995.
SANTOS, B. S. A gramática do
tempo: para uma nova cultura política. São Paulo: Cortez, 2006.
Educação Ambiental e Sociologia Ambiental: interlocuções com a teoria
da reflexividade. Samia Nascimento Sulaiman, Mestranda em Educação na USP -
Virgínia Talaveira Valentim Tristão, Doutoranda em Educação na USP. Disponível
em: http://www.pesquisaemdebate.net/docs/pesquisaEmDebate_11/artigo_5.pdf.
Acesso em 23 de Nov. de 2012.
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