Rosas do Tempo
Poesias
Darçoní M. Chaves
2024
Ao Destinatário
Com carinho
Da remetente
“Existem sementes tão resistentes Que embora venham enfrentar tempos áridos, um dia elas florescem... Basta uma gota de água... E isso não se trata só de flores ou rosas...
Brincar de Estrela
Lembrar você... Faz-me flutuar
Em brancas nuvens... De algodão
É como brincar de estrela
De uma louca galáxia de paixão!
Sentir você... É como mergulhar
Em um mar de amor... Imensidão!
Saber você... É como poder destilar
No coração... Em um segundo
O perfume de todas as flores
Das rosas do tempo
Dos lírios dos campos
Que perfumam meu mundo!
Lembrar tua boca e teus beijos
Desperta meu corpo e os desejos
Sonha com nossa dança ofegante
Dos nossos corpos sussurrantes
Compondo a mais bela canção
Lembrar você... Renasce em mim a esperança...
De que um dia voltarei a olhar nos olhos seus
E só em pensar... Tocar você... Ter você
Tira-me da simples condição humana
E Transforma- me na grandeza de um deus!
Darçoní Chaves
Delírios
Branco... Pureza... Inocência
Um quarto... Um quadro
No quadro o azul do céu
Se misturando ao verde
Da minha esperança
Constatando
Que o vermelho carmim
Da paixão vai me levar ao delírio
No branco do quarto...
Paixão... Emoção... Saudade... eu delírio
Misto de lembranças vagas
Pensamentos soltos
Sentimentos indefinidos
No quarto branco...
Morre a infância
Nascem os sonhos belos, coloridos
Logo após o pesadelo da ausência
E der repente
A realidade... Nua... Crua... Franca
Darçoni Chaves
Reciprocidade
Se um dia você voltar no meu caminho:
Se pedir-me uma flor
Dar-te-ei a primavera
Se pedir-me uma esperança
Dar-te- ei somente os sonhos bons
Se pedir-me o mundo
Terás o meu
Se quiseres uma festa
Terás em meu corpo
Se pedir-me uma porcaria qualquer
Dar-te-ei a minha vida
Se pedir-me uma comedia ou tragédia
Falar-te ei do meu destino
Só não me peça uma verdade
Pois direi:
Jamais necessite do meu perdão
Para não conhecer o meu desprezo.
Darçoní Chaves
Amor perdido
Em cada estrela
Vejo um poema
Em todo ser
Vejo uma rima decorada
Cada lembrança
Trás um sorriso
Por trás de cada sorriso
Tem uma lágrima
Pelos momentos de amor perdido
Sua partida deixou uma mágoa
Uma dor... Uma tristeza... Um vazio
Sem nome... Sem cor
Sinto a distancia... Um apelo de dor
Nos olhos teus... Nos olhos meus
Trago na alma um poema de saudade
Que de eterna, o tempo apagar
Não pode.
Darçoní Chaves
Quem você é?
Chegastes a minha vida de repente
Devagar com jeito de quem nada quer
Como a brisa perfumada de um jardim
Envolveu-me no teu cheiro de jasmim
Veio assim trazendo tanto mistério
Curioso despertou meu coração
Tão fugaz qual um raio de sol
E nem senti que já estava em suas mãos
Teus cabelos macios e negros como a noite
Voam ao vento a enfeitar minhas manhãs
Ele é livre, não se prende... É passarinho!
Que por um tempo faz do meu abraço... Ninho
E que logo para o mundo ira voar
Quem és tu? De onde veio? Pra onde vais?
Se hoje estas pode amanhã não estar mais
Nada sei do seu passado, seu destino
Qual mentira pode ser sua verdade
Em qual abraço me matarás de aflição
Você foi o meu amado, meu amigo
O afeto que me levou a loucura
Ultimo olhar que me deste em um segundo
Levou com ele meus segredos mais profundos
Sem um adeus você se foi... E eu ate hoje ainda não sei..Quem é você.
Asfixia
Se um dia você voltar a bater na porta do meu coração
Não, não me peça uma canção que não posso mais compor
Nem insistas na poesia que ha muito me deixou
Só tenho uma vida vazia
Sem verso, sem inspiração
Tudo em mim já se expirou
Pois toda a minha alegria
A inocente magia sua partida levou
Sua falta de sentimentos
Naqueles poucos momentos meu coração esfriou
Você me asfixiou com seus medos, seus segredos
Assim nada mais me resta
Infeliz morre o poeta e finda toda canção
Seja de amor... Ou não!
Darçoní Chaves
Súplica
Amado meu...
Como ousas...
Pedir-me um poema
Uma frase, uma canção
Ou uma flor?
Se minha alma está sombria
E meu coração aos prantos?
Como pedes um sorriso
Se meu mundo todo chora?
Como ousas pedir-me uma poesia
Se a minha inspiração deixastes em luto?
Como pode querer ouvir meu canto
Levaram-se para longe meu encanto?
Como ousas pedir-me uma canção
Se nem rezar mais consigo?
Como compor sem rimar tristeza, amargura e dor?
Como ousa amor meu querer que eu floresça
Se nada mais nasce em meu chão?
Como poderei regar a vida
Com lagrimas de dor e solidão?
Amado meu... Por favor, me esqueça!
Devolva a mim a poesia e a paz do meu coração.
Darçoní Chaves
Intensidade
Enganam-se quando pensa que busco o brilho de uma estrela. Não!
Quero apenas brilhar como uma constelação inteira.
Não quero só as ondas do mar, quero os oceanos por completo
Largura, profundidade, extensão, maresia, maremoto, tsunami.
Não quero só uma nuvem do céu, quero o espaço infinito, tufões,
Furacões, Ventanias, vendavais, tornados, nevascas, calmarias...
Temporais. Não me satisfaz só um raio de sol, quero mais
Quero o brilho, o clarão, o calor me queimar, arder, torrar...
Insolação. Não quero apenas uma noite de luar
Quero todas as luas de mercúrio a plutão.
E quanto a ti? Não terás só lembranças minhas
Vou ocupar sua vida, invadir seus espaços, mente alma, corpo,
Coração.
Serei o ar que respiras a água que mata tua sede, a comida que te
Alimenta, O sol que te aquece, a lua, o dia, à noite
Primaveras, verões, outonos e invernos
Segundos, minutos, horas, dias
Suas semanas, meses, anos, séculos, milênios... Eternidade!
Quero seu amor por inteiro e não pela metade
Pois não me contento com o brilho de uma só estrela
Quero tudo e muito mais...
Enganam-se quando pensas que quero pouco da vida!
Darçoní Chaves
Complexidade
Meu bem...
Eu quero saber de seus medos,
Seus desejos, seus segredos
E sua falta de fé...
Eu não quero um amor de mentira,
De momentos
E que só anda de ré...
Eu quero saber de seus passos ,
Seus fracassos
E tudo o que mais quiser...
Eu quero entender seus temores.
Seus rumores, seus amores
E ate de quem você é...
Quero saber de sua vida,
Suas feridas...
Seu passado, sua história,
Que fez de você o que és...
Talvez eu possa entender,
Tudo o que te fez sofrer...
Darçoní Chaves
Passageira
Quisera meu amor falar do encanto
Que me encanta esse amor de brincadeira
Traduzir em palavras esse assombro
Que sobressalta o coração a vida inteira
Quisera meu amor, não ser poeta
E não ter a poesia em mim inteira
Bastaria ser tua busca... Seu refugio
E não ter nos perdido dessa maneira
Quisera ser seu amor...
No entanto...
Fui apenas aventura passageira.
Darçoní Chaves
Resumo
Ao amor que tive um dia e tão rápido se foi...
Adeus!
Ao amor que tenho agora e eu sei não ficará...
Que pena!
E se outro vier depois...
Direi:
Que de todos os amores
O que mais amei... Não sei.
Darçoní Chaves
Decifra-me
Pintaram-me de verde
Alimento almas carentes
Transformo solidão resistente
Em espera constante
Estou entranhada em cada ser
Queira ou não
Sou pura sabedoria
Sou paz, Sou verso, Sou canto
Estou na escrita do poeta
E na tela do pintor
Manifesto-me na paz
Na guerra... No carinho... Na tristeza
E no amor...
Faço parte do seu ser
Que por mais infeliz que estejas
Ainda estarei contigo
Sou forte... Indestrutível
Prazer...
Eu sou a esperança!
Darçoní Chaves
A vida é breve
Aproveita! A vida é breve
Ela vem brinca e se vai...
É como um sonho, pequeno, acanhado
Nó apertado e um grito que não sai...
Às vezes ela chega com cheiro de flor
Pra perfumar ao longo de seu caminho
Mas no final é apenas tristeza e dor
Tudo igual!
Vida é amor, maré, quarto de lua
Cidades cheias, alegrias, multidão
Também sorrisos, correria, confusão
CPF, RG, País, cidade, bairro, numero e rua...
A vida é conto, soneto ou poesia
Cheira a florestas, terra, gasolina, maresia
É arte crua pintada em tela nua
É como o fogo que aquece a noite fria
Aproveita viver... A vida é breve...
E a única certeza é a morte!
Darçoní Chaves
Meu amor perfeito
Paranaíba MS...
Quem vê seu casario antigo...
Suas praças, suas ruas
Com nome de pseudo-heróis
Só que conhece sua historia
De honra, lutas e glorias
Entende um pouco de nós!
Amor perfeito, infinito
Paranaíba querida
Terra mãe acolhedora
És rainha tão formosa
Perfumada, carinhosa
Minha cidade adorada
Onde nasci e cresci
Tu és a família que tenho
Saiba que mesmo distante
Amo-te mais como antes
Eu preciso te dizer
Que no universo inteiro
Tu és meu lar verdadeiro
Onde posso descansar
Admiro o mundo inteiro
Orgulho-me em ser brasileira
Mas o meu amor primeiro
Perfeito e verdadeiros
Só por ti, sempre será!
Darçoní Chaves
Reencontro
Quem sabe um dia qualquer você virá
Pra recompor sua canção comigo...
Repor sua emoção e a minha...
Despir sua paixão por nós...
Reacender o calor...
Labaredas... Fogaréu...
Observar o paraíso do céu em migalhas de nuvens...
Matar essa fome de beijos
Saciar essa sede de amor...
Olhos nos olhos... Atrevidos... Ousados...
Explorando nossos mundos despidos...
Explodindo em paixão desvairada...
E nesse momento caliente...
Completar a melodia final...
E nos portais do paraíso...
Fazer do dia sinfonia...
E a noite um poema sem outro igual...
Quem sabe um dia você virá...
Darçoní Chaves
Conexões
Ensine-me a arrancar do meu ser essa tristeza
Ajuda-me a transpor essas barreiras
Contra as quais sozinha não posso lutar...
Conecto-me ao teu beijo...
E ele me faz entender...
Que sonhos não bastam para nós.
Precisamos bem mais, muito mais que isso...
Necessito sentir seu toque, seu cheiro
Me sentir amada por ti...
Ter você por inteiro e me entregar-te no total
Juntar seu corpo no meu, a sua boca na minha
Fundir minha alma na sua
Deixar a inspiração fluir...
E conectada a ti no êxtase final
Escrever lentamente uma poesia
Com o suor dos nossos corpos!
Darçoní Chaves
Despedida
Esta é a ultima vez que escrevo, com certeza
Talvez depois eu me perca em duvidas
Este é o ultimo sonho que tenho
Pode ser que eu me perca em pesadelos
Eis aqui a nossa ultima esperança
E eu sei, me perderei em prantos
Esta será nossa ultima saudade
Que eu sei transformarei em lembrança
Deixo aqui a ultima gota de amor
Certamente me tornarei desprezo
Registro aqui meu ultimo grito de socorro
Pois a seguir me guardarei no silencio
Não teremos uma ultima chance
Por que já me protegi no insensível
Já chorei a minha ultima lagrima
Meu coração se tornou deserto
Essa é a ultima linha que te escrevo
Pois já me refiz de orgulho
Ao provar o doce sabor do amor próprio!
Fim de jogo pra nos dois!
Darçoní Chaves
Sem palavras
Nos caminhos inexplicáveis do destino
Reencontramo-nos nessa hora
A vida coloriu - se novamente
Esqueci-me que um dia foi embora...
Sou incapaz de descrever-te
Em um simples verso...
Se tua existência é a minha poesia
E tua presença é toda minha inspiração...
Como encontrar palavras
Capazes de decifrar tudo que sinto...
Sendo as palavras diante de tanto sentimento
Simples vocábulos frágeis... Insuficientes agora
Não! Não quero te eternizar
Em uma simples poesia...
Mas sim! Resgatar-te na tatuagem invisível
Que por toda uma vida... Esteve aqui
Na minha pele, no meu corpo...
No meu ser...
Não posso ser volúvel e te esconder
Preciso e necessito ser apenas... Franca!
Darçoní Chaves
Confesso
Tantos anos e me fiz tão pouco
Fui mais você do que eu...
Guardei-te como uma jóia rara
Um segredo que sempre foi só meu...
Apenas trouxe da vida para entregar-te...
Alguns versos rabiscados
Umas poucas telas desenhadas
Vários ferimentos não cicatrizados
E uma sensibilidade repleta de memórias...
Já não tenho muito e ainda nos perdemos no tempo
Esse tempo implacável que nada espera
O segundo passado já morreu
E o segundo presente é de incertezas...
Jamais se esqueça... De nós...
Somos historias libertas...
Sem cobranças...
Sem presenças
Somos apenas as crianças
Que o tempo conservou
Em nossa ausência!
Confesso... Temos muito pouco... Tempo!
Darçoní Chaves
Em fim nós
Não sei explicar onde me perdi de ti...
Em qual curva do destino a vida nos separou
Em fim... Desencontramo-nos...
O mundo dos adultos, as circunstancias
As escolhas aumentaram cada dia mais
Nossa distancia... Afastamo-nos...
Seguimos levados pelo destino
Para outras histórias, outros carinhos
Crescemos longe um do outro
Em outros rumos, outros lugares
Outras pessoas, outros destinos... Desatinos,Em fim...
Cegos seguimos não dava pra olhar para trás
Na vida não existe retrovisor
Apenas seguimos em frente
Para encarar novas dores e conhecer novos amores
Mas... As memórias...
.Ah! Elas ficaram... Recusaram-se a morrer
Permaneceram ali, plantadas
No tempo e lugar onde tudo começou
Mas... Um dia qualquer... Voltei... Você voltou!
E foi nesse momento... Que o jogo do mundo contra nós...
Perdeu... Acabou... THE END.
Darçoní Chaves
Por um instante
Vida... Malvada vida...
Apenas por um instante...
Permita-me não sofrer...
E que também não esteja sofrendo
Aquele que amo... E não sei por onde anda
Não sofras tu... O importante é o agora...
Enquanto estamos vivos...
Apenas por um instante... Recuso-me reviver planejar... Esperar
Pois tenho apenas esse instante pra tentar
Sobreviver...
Ainda pulsa o coração e respiro...
E isso é apenas o que tenho agora
Ainda paira sobre mim
Uma fagulha de luz e de esperança
Que me empurra contra o tempo
E mesmo me fazendo sentir
Aos pedaços...
Estraçalhada como uma carroça velha
Atirando-se contra as rochas da memória...
Eu preciso desse instante...
Para não enlouquecer.
Darçoní Chaves
Traumas de infância
Tanto tempo se passou e parece que foi ontem... Minha criança...
Amar-te foi na vida o capitulo mais lindo que escrevi
Foi o sentimento mais puro e inocente
Que pode existir... E que me ensinou a te querer
Mas também foi o passo mais incerto... Mais errado...
Mais sofrido que soube me machucar
Também me ensinou o que é sofrer...
Em nossa criancice você foi a mais ousada das fantasias
Seu olhar tornava-me insana
De coração cego... Tirava-me o juízo...
O toque de suas mãos fez pela primeira vez
Meu corpo estremecer... E minha alma delirar...
Seu abandono... Me fez aprender a superar
Seu silêncio me gritou a realidade
Sua indiferença fortaleceu meu amor próprio
E recompôs minha alma... Fez-me forte
A incerteza me transformou em reticências
E jurei naqueles tempos... Nunca mais ser de ninguém
Jamais amei outro alguém
Meu sentimento eu coloquei em stand-by
E nas paixões acrescentei ponto final
Amar dói... Aprendi.
Darçoní Chaves
Andarilhos
O poeta e o vagamundo
Olhando a lua a brilhar
Um sem ter para onde ir
O outro não tem pra quem voltar
Ambos em um mesmo banco
Contempla a noite linda
São corações semelhantes
Que não se acharam ainda
Vistos aos olhos da alma
Parecem que os dois são um
Pois ambos estão a sonhar
O poeta sonha com os versos
O vagamundo com a estrada
Se juntarem o que possuem
Com certeza é quase nada
São destinos tão contrários
Assim como vida e morte
Um só procura um caminho
O outro pensa na sorte
Mas quando a lua vai embora
E o vagamundo se vai
Amanhece a realidade
E sozinho o poeta... Chora.
Darçoní Chaves
Amarga-mente
Quantos dias faltarão pra minha morte
Quanto peso ainda tem pra carregar
Quantas vezes me estraçalharão a alma
Quantos dias ainda têm pra eu lutar
São perguntas que povoam minha mente
E respostas eu nunca consigo ter
O que resta dessa vida é tão somente
Ter um dia a cada vez no amanhecer
Estou crescendo e quase nada eu entendo
As coisas me parecem tão banais
As pessoas cada vez mais se perdendo
E de amores quase não se sabem mais
O dia vai perdendo seus valores
Na verdade já não me preocupam mais
Tenho olhado para o mundo amargamente
E razões por ser assim tenho demais
Acredito que minha alma está doente
Ou carente de afetos e de paz
Eu queria só morrer serenamente
Mas minha prece Deus já não escuta mais
Ofereço por ai sorrisos largos
Pra esconder o que o coração sente
Mas a noite solitária cai a mascara... Volto para mim... Amarga-mente.
Despertar
Desperta coração tome juízo
Não vá se abrir de novo para sofrer
Tu sabes que não há amor eterno
E ninguém se preocupa com você...
Acalma essa tua ânsia por milagres
Sabemos que quem foi não voltará
Se aquiete coração fique atento
Não adianta procurar se iludir
Por que o amor só sabe fazer sofrer
Só podemos confiar na gente mesmo
Pois ninguém se envergonha em mentir
Tome cuidado para não sucumbir de novo
Nas armadilhas que existe em teu ser
A razão tem sido sua companhia
E assim você precisa se manter
Fique esperto coração! Não ame...
Amar dói... Você sabe, eu sinto
E dói muito mais que sua solidão!
Creia... Só te protejo... Eu não minto
Sendo assim... Tenha juízo... Coração!
Darçoní Chaves
Segredos
Quando morre o dia... A noite cai...
A cidade adormece... E eu me desperto com a minha solidão
Saio pra rua... Vou chorar olhar a lua...
Pra ela entrego meu pranto... Minha paixão
Eu procuro te esquecer todas as noites
Mas não tem jeito nem acerto
Você para sempre é parte de mim...
Passam-se os anos... Décadas
Eu disfarço nunca entrego
Esse segredo guardado dentro de mim
E nesse estado eu vou passando pela vida
De tão vazia não existe mais espaço
Eu só queria por um momento futuro
Sentir de novo teu perfume... Teu abraço
Assim quando morre o dia
Eu desmorono em pedaços
Mas de manhã o mundo me força...
Refaço... Sou o extremo cansaço...
Isso precisa ter um fim... Eu imploro
Deus tenha piedade de mim!
Darçoní Chaves
Sem máscaras
Olho no espelho meu corpo em close...
Vazio, incerto, vejo um espaço sem laço
Irreal, desleal, surreal de tão belo
Não tenho uma estrela guia
Só mágoa saudades, dor
Há um cordão umbilical que não foi cortado
E me prende como um feto fútil
Inútil, desvairado, irrequieto
Que me rouba o desejo ardente de vida
A essência imortal da liberdade perdida
E me transborda em absurda solidão...
Olho no espelho...
Meu jovem corpo em close...
E ali nua... Analiso-me... Sem mascaras
Então me vem à memória...
Onde estará você agora?
Espelho... Espelho meu...
Haverá alguém tão sozinha quanto eu?
Darçoní Chaves
Black-out
Sozinha no circuito
Dançando, lá esta ela
Mas os outros não percebem que ali
Existe uma loba solitária e ferida
Usando seu instinto
Em um desespero claro
Vendo tudo desconexo
De repente. Black-out...
Transforma-se... Refaz
Transcende... Esquece a paz
Vampira de sonhos e de sonos
Metamorfose de sentimentos misturados...
Abstratos... Absurdos...
Entorpecida em pensamentos incompletos...
Ela dança... Como um pincel numa aquarela
Mas não há tinta capaz de esconder
Naquela loba toda a selvageria dela
E a ferocidade de quem não serve pra você...
Eu.
Darçoní Chaves
Refugio
Vivo no silencio...
Nele me encontro... Fico confortável assim
Ele sempre foi a minha fonte de paz...
Puro, bom, renovador...
É no silencio que cicatrizo minhas feridas
Balsamo sagrado que alivia toda dor...
No silencio eu procuro te lembrar
Ao mesmo tempo esquecer os desacertos...
É o juiz que me ameaça a pena de morte
Ao mesmo tempo em que me perdoa os desencantos...
Só no silencio encontro um ombro amigo
A quem eu posso confiar meus desabafos...
Ele me acolhe na alegria e na dor
E me protege das armadilhas do amor...
De qualquer tipo de dor...
Darçoní Chaves
Tese
Fiz-me do amor
E dele em nome dele, me fiz sensível...
Tentei compreender as dores do mundo,
Mas e razão desse mesmo amor... Fiz-me pranto...
Cultivei compreensão
Na tentativa de encontrar explicações para a miséria humana
Só tive respostas vãs...
E de tanto tentar compreender o mundo...
Esqueci-me... E me fiz solidão...
Mergulhei na ilusão
Pela ideia de liberdade apaixonei-me...
Sonhei com a possibilidade de igualdade entre os povos...
Na esperança de criar ideais únicos...
Para um mundo sem mentiras ou traições...
Vi-me presa, impotente...Sofri com a decepção
Tentei seguir a tradição
Mãe, esposa, amante, mulher...
De minha espada fidelidade
E de bandeira dedicação...
Lutei por dignidade
Perdi para as duvidas...
Darçoní Chaves
Antítese
Assim como folhas soltas de outono
Um dia conheci alguém...
E esse alguém que prometeu me amar eternamente
Fez-me sentir prostituta... Calei... Fiz-me amargura.
Tentei aprender um pouco de tudo
E de tudo de em ou de mal. experimentei...
Aprendi e ensinei lições valiosas
Mas também sofri maldades por onde passei...
E no resumo de meia existência... Fiz-me saudade.
Adquiri forças não sei de onde e me refiz do nada
Perdi muito na caminhada
O dom de amar e a paciência da espera
Desaprendi pedir e aprendi mandar... Fiz-me racional, objetiva
E assim realista me tornei exigente
Descobri que não preciso ser aceita... E a desconfiar das gentes...
Não oferto nenhum tipo de sentimento
Pra não ter de retribuir a alguém
Perdi a piedade pelo mundo
Perdi o medo de escolher meu destino... Fiz-me insensível
Masoquista e sádica talhada pelo medo
Darçoní Chaves
Síntese
Nas linhas que fui escrevendo Nas paginas do livro do tempo
As rosas já estão morrendo e não importam mais
Perderam o perfume da inocência... Da infância
E seus espinhos feriram de morte... A criança do eu interior...
A meiguice que me guiava... Quebrou-se
O coração congelou... Fechou-se
Tudo o que eu acreditava perdeu o valor
Mudei a trajetória... E Confesso que gostei
Para sobreviver tive que me despir das emoções
Domei inseguranças e assim me transformei
Guerreira, pé no chão... Egoísta
Hoje sou e faço o que quiser, perdi o medo da vida
Valente, irresponsável, incoerente
Arranco da tristeza uma alegria... Perdi o medo da derrota
E fui á luta... Mudei... Sou metamorfose
Mudei tanto que já preparei meu próprio funeral
Aprendi a sorrir da morte, não espero mais pela sorte
O sofrimento me fez tão forte
Que ate em cadáver serei extremamente calculista e fria...
Sou uma alma vazia cujo olhar te arrepia
E o meu desprezo pela vida paralisa e irradia pelo mundo
E já morri somente por 36 anos.
Darçoní Chaves
Sensualidade
Você... Metade boa de mim...
Minha parte sonhadora, provocante, sensual...
Meu querido, meu amor... Meu desejo ardente...
Esperado ansiosamente no passado...
Amado sem restrições... No presente...
Necessito urgentemente que me permita
Nadar no seu mar. respirar no seu ar... Bronzear no seu sol...
Naufragar no seu cheiro... Entrelaçar-me no seu corpo...
Queimar-me sob o toque de suas mãos...
Deixa-me provar do seu mel... Flutuar no céu de sua boca...
Corromper minha sanidade na loucura dos seus beijos...
Ser o refrão preferido de sua poesia...
Aquele que você jamais compôs...
A musa de seus sonhos... Da sua cama...
Ser a respiração ofegante a nossa música preferida...
Desejo ardente... Insubstituível... Na alma... No corpo... Na vida...
Você que me faz transbordar além de mim...
Leva-me aos céus e me faça sentir queimar nas chamas...
Desse inferno... Que é te amar assim...
Darçoní Chaves
Provocação
Provoca-me e fujo de ti... Sempre as mesmas situações...
Fugas efêmeras... Medos constantes do cotidiano... Da realidade...
Provoca-me e eu me fecho, refugio por medo das frustrações...
Esse seu brincar de amar... Atormenta meu espírito...
Seus fetiches empobrecem meu caráter... Mas me atiça...
Enfeitiçada me equilibro em um trapézio onde sonho e realidade
Misturam-se... Completam-se... E me faz sua refém...
Entorpece-me... Provoca-me sem sustentação...
Oferece-me tão somente um alicerce de nuvens... Macias... Vadias..
E nessas tardes longas e quentes de verão... Você sempre esta...
Provocando-me na agonia desse amor hora em brasas...
Ora em extinção...
Provoca-me e morrerei... Como um pássaro ferido...
Prisioneira do seu amor volúvel...
Darçoní Chaves
Entrelinhas
Esses seus olhos negros... Profundos...
Tem o poder de falar a minha alma... Tão aflita
Nas manhãs quando olho para eles... Naufrago...
Perco-me nesse seu olhar... Que tem o poder de despir-me...
Olhas-me e desnuda-me da cabeça aos pés...
Tento fugir de ti, mas eu sei é uma fuga vã...
Pois em qualquer lugar que eu esteja...
Sinto na pele esses teus olhos negros, profundos
Que me persegue, observa, e acende... Arranca minha roupa...
Desequilibra-me e leva-me a sonhos despertos...
Mesmo tão distantes um do outro...
Separados por milhares de quilômetros e uma vida inteira...
Sinto seus olhos a me perseguir...
Vejo desejo e fogo nas profundezas desse seu olhar...
Sua boca... Sua voz... Seu corpo... Nu... Molhado...
Tão quente... Tão faminto de mim, tanto quanto tenho fome de ti...
Vivemos numa busca constante um do outro...
Esse sentir nos leva a loucura... Somos duas almas loucas...
Insanas... Que se buscam... Precisam-se... Completam-se...
Há um oceano entre nós... Que nos separa, mas aproxima...
Estamos ligados, unidos pela força desse amor profano, proibido...
Como um fio que nos mantêm acorrentados, uma força imensurável
Atrai-nos a ser um só ser vivendo em mundos diferentes.
Solidão
Embora fora daqui a vida corra vibrante
Permaneço presa em um mundo sombrio e frio
Mesmo o sol brilhando por todas as manhãs
Seus raios não são capazes de clarear meus dias
Nem aquecer minhas emoções...
Sou um pedaço de mundo fechado a visitação...
Um atalho de uma estrada qualquer percorrida
De passos errantes sem um rumo sequer
Esse casulo de solidão me sufoca
E a metamorfose que preciso não acontece
Os dias parecem mais longos e as noites eternas
O tempo do relógio não para...
E as horas parecem seculares...
O calendário continua marcando as estações
Enquanto meu estado de espírito me mantém presa
Sinto-me inerte dentro de uma bolha vagando pelo espaço
Totalmente sozinha e viajando a esmo dentro de mim mesma...
Criei esse escudo de solidão e sobrevivo dele
Na tentativa de proteger-me da maldade
Daqueles que nunca saberão o que é o amor...
a solidão me basta e me define. É isso...
Darçoní Chaves
Horas mortas
Matei meu futuro em plena infância...
Quando amei alguém pela primeira vez...
E aquele assassinato da esperança me persegue
Nas lembranças... Na mente... Nos pesadelos
Aquele momento me assombra sem piedade
E ainda hoje depois de tanto tempo
Não consegui me desprender do passado
Ainda sinto aquela menina travessa vive em mim...
E Tenta o tempo todo, sem escrúpulo algum...
Vir á tona... Transbordar... Atrevidamente
Como ela sempre foi... Como insiste em ser... Como ainda é...
Totalmente selvagem... Impiedosa... Imparavel... Livre...
Ela chora, posso senti-la ainda aqui dentro
Grita por liberdade, pede por socorro, quer florescer...
Não se conforma de estar presa no corpo de uma mulher...
Muito diferente de quem ela já foi um dia...
Mas preciso conte-la e sofro com ela... E por ela...
Não posso libertá-la... Ela é perigosa para a mulher que sou hoje
Eu comedida, prendendo um bicho solto
Nosso futuro foi perdido em horas mortas...
Perdoe-me minha criança, Mas não posso libertá-la. Jamais!
Darçoní Chaves
O lado avesso
Ah... Se soubesse
Como me entristeço
Quando tentas
Conhecer o avesso do avesso
Do meu coração...
Ah... Se você entendesse
O quanto padeço
Amando-te em alguns instantes
E em tantas horas não...
Ah... Se você adivinhasse
Como é frágil o meu amor
Pensaria duas vezes
Antes de causar-me dor
Por que tu não te conformas
Descobrir-me... Não há forma
Desista... é pura ilusão...
Se nem mesmo eu conheço...
O avesso do meu coração.
Darçoní Chaves
Pantanal
O amanhecer na minha terra... É diferente...
Que só quem vendo e conhecendo...
Pode sentir... A beleza da natureza...
No esplendor do pantanal...
A passarada vai saindo em revoadas
E o vento nas ramadas... Entoa um canto matinal
A natureza vai aos poucos acordando
E a vida borbulhando... Com vigor e muita paz
Rios, corixos... Águas claras, transparentes
Céus azuis, resplandecentes
Que em nenhum lugar... Há igual...
Tenho saudades dessa terra de valor...
Sou pantaneira... Sertaneja sim senhor...
Lá... Tem violeiro... Tem peão... Povo cabloco...
E as lembranças do Meu tempo já tampouco...
Vem fere fundo, meu coração sertanejo...
E a viola canta tudo o que não mais vejo
Da liberdade que é tudo o que mais desejo.
Darçoní Chaves
Meninos do Brasil
O futuro do Brasil...
Não tem esperança mesmo...
Seus filhos crescem a esmo...
Sem teto e com fome... Febril
O futuro do Brasil. Só tem nome de Estado...
Mas tem cara de doentes
Indiferentes, inconseqüentes
Nas ruas soltas a mil...
O futuro do País... Já não tem cura
A violência se mistura
Á pobreza se apura...É mal que criou raiz
O futuro é realidade
Triste nua, cara suja pé no chão
Faltam lares, amores, escolas
Saúde e alimentação
Vimos meninos de rua
Perdidos na multidão
De uma sociedade injusta
Que não se importa o quanto custa
O futuro da nação.
Darçoní Chaves
Matança
O homem mata e mata... A mata quando desmata
O homem mata a vida... Deixa-se a mata ferida.
O homem mata os bichos... Mata onde joga o lixo
Terra morta, poluída... E uma fauna perdida.
O homem mata os rios... Mata com pequenos fios
De água deteriorada... Em margens ciliares nuas, desmatadas.
O homem mata o ar... Mata de várias maneiras
O ar tem morte estradeira... De motores a roncar.
O homem mata o homem... Uns eles matam de fome
E os outros, alimentados de agrotóxicos contaminados.
O homem está matando a terra
O dinheiro a transforma em pó
Mas um dia entenderá que é homem... Homem... E pó.
Darçoní Chaves
Eu, simples mariposa
Na inquietude da alma... Cala-se o poema
E guarda-se a poesia em resquícios de saudades...
A magia dos que ama e aflitos choram
Flui espaço afora, como mariposas...
Errantes, agonizantes...
Na inquietude do poema... Cala-se a alma
E uma ausência de não sei o que...
Uma estranheza de um tudo que nada tem... Aflora...
É a poesia desnuda de palavras
È a poetisa despida de esperança...
È um coração andarilho... Errante...
Que busca a mais bela ave...
Que em suas tempestades... Fez o ninho.
E um blues a tudo... Melodioso... Embala.
Na canção repleta de lamentos...
Uma mariposa... Ainda baila... Voa... Sonha... Ama...
E de felicidade chora...
A na inquietude da alma... Faz-se poesia... Por você.
Darçoní Chaves
Censura
Á partir desse instante... Proíbo-me de sofrer
E proíbo-te que o faça... Por mim...
Nada vale... Nem justifica o sofrer...
Nem por tudo... Nem por nada...
Pois esse é o instante mais importante...
E o único que realmente importa...
É nesse instante que a vida se justifica...
Proíbo-me de reviver... Seja o que foi bom
Ou o normal... Esqueça.
Nada planejo... Pratico enquanto posso...
Sou apenas uma sobrevivente...
E sobrevivo no agora
Estou viva e tenho uma luz brilhando ao meu redor
Dela alimenta a minha existência fugaz...
Preciso de tão pouco... Tenho esse instante...
E depende apenas que eu o transforme...
Em feliz... Ou não... E, se o fato de te amar...
Permita que os próximos instantes
Que ainda me restam sejam de felicidades
Amar-te-ei em cada um deles...
Darçoní Chaves
Rima torta
Horta rima com porta
Com torta, com corta...
Almeirão rima com coração...
Com portão, com embrião...
Rabanete rima com palacete
Patinete, cacoete, sabonete...
Hortelã rima com maçã
Irmã, romã, castelã.
E, liberdade?...
Ria com o que?...
Certamente não rima...
Com dinheiro!
Darçoní Chaves
A chuva e eu
A chuva que mansa cai...
Deixa o telhado molhado
E no teu cheiro me traz
Momentos de um amor
Sagrado... Inacabado.
As historias que a chuva conta...
Trago no peito guardado...
São segredos... São saudades...
Primeiro beijo...
Roubado.
Primeiro amor... Vida minha...
Primeira dor... Pranto meu...
Primeiro tudo que tive...
Único nada... Que é meu.
Para mim... Chuva é lembrança...
Pra você... É esquecimento...
Do meu amor de verdade...
Pro seu amor de momento.
Darçoní Chaves
Epitáfio
Antes que o esquecimento caia sobre meu cadáver.
E o tempo fúnebre destrua qualquer resquício
De minha existência... Às vezes fútil outras vezes vazia...
Deixo as palavras eternizar-me...
Um dia... Quem sabe alguém... Á beira de minha lápide fria
Recorde de tudo o que não fui... E me ofereça méritos em orações
Por algo que eu não tenha feito... Pois se fiz ou fui... Não vi...
Se algo bom eu fiz... Não sei... Apenas passei pela vida
E fui levada por ela... Não tive heróis... E nem mesmo fui heroína...
Perdi longas batalhas... E na guerra pela vida perdi para a morte...
Sonhei, sofri,chorei... Sorri, lutei... Amei... Não sei.
Vivi um dia a cada vez...
E em cada um deles procurei o inexistente... Felicidade...
Usei como bandeira a liberdade.
E agora aqui nessa câmara escura e fria... Jaz inerte um corpo...
Levando de volta apenas o que trouxe ao nascer... O nada.
Um corpo... Um sopro... Uma lembrança vaga... E nada mais...
Nada mais fica... Tudo se perde... Tudo se transforma...
Mas o meu epitáfio ficará para te lembrar.
Do quanto curta é a vida... Do quão leve é a existência...
E do quanto é inútil o sofrimento...
Aqui jaz uma borboleta... Feliz com o breve e leve momento
Em que foi tocada pelo suave beijo da morte...
Assim, antes que caia sobre mim o esquecimento...
Não me de orações, lembranças ou velas...
Pois não sou merecedora de nenhuma delas...
O legado que deixo como herança...
Aos que ficam... Para trás... Quando eu for embora
É apenas a certeza da nossa pequenez humana...
E o conceito de que ser livre...
Foi o único motivo... Que fez a minha vida valer a pena...
Darçoní Chaves
Canção do exílio a brasileira
Minha terra tem farturas
Tudo tipo exportação
Tem carne, leite e cana,
Soja, arroz e feijão.
Minha terra tem riquezas,
Que jamais se viu igual!
Aço, ferro, Amazônia,
E petróleo no pré sal.
Minha terra tem belezas
Praias lindas, céu de anil!
Muita ginga, futebol...
E as mulheres do Brasil!
Minha terra tem má fama
De uma realidade crua,
Os teus filhos têm mais fome...Teus meninos têm mais rua!
Minha terra tem problemas,
Tem contrastes, tem mentiras... Tudo acaba em carnaval!
A corrupção política... Fez desta terra o celeiro
A podridão aliada... Ao jeitinho brasileiro!
Minha terra de palmeiras... Ainda canta o sabiá...
Onde tem gente valente... Disposta a isso mudar!
Darçoní Chaves
Amores estranhos
Hoje estou aqui pra falar de amor!
Não de um amor normal, comum... Mas de um amor desses que
quando chegam à vida da gente... Ocupa todos os espaços...
Todos os pensamentos... Todas as certezas!
Um amor que chega quando menos se espera...
Que aparece quando não se busca...
que acontece de maneira tão surpreendente que te desarma...
Invade-te e te quebra todas as defesas e barreiras!
Um amor... Sofrido... Distante... Impossível...
Mas, o mais forte e verdadeiro...
Assim como forte e verdadeira é a triste realidade de quem tem um
Amor assim...
Que por ser virtual... Nada perde em beleza, em delicadeza, em
Sinceridade...
Esse amor a que me refiro existe e é real... Apesar de tudo...
Apesar do mundo... Ele é mais forte... Reina absoluto e magnífico...
Pelas ondas da internet... Ultrapassando fronteiras... Vencendo
Obstáculos... Atravessando oceanos e mares... Forte o suficiente para vencer a própria morte... Para romper além de outros horizontes... Mas em vão se tombar nas negras asas do impossível...
Darçoní Chaves
Ao Destinatário
Esse amor... Que se alimenta de sonhos... De uma busca vã e
Contínua do outro... Que não encontra mãos para afagar,
Que não sente o calor... O pulsar do coração... O respirar do outro!
Triste e sofrido amor! Que desaba em prantos por intermináveis
noites de agonia e desesperança... Que se vê de asas presas...
Quando s tem vontade de voar... Transpor oceanos desertos e
cordilheiras... Pra repousar inteiro nos braços de quem ama!
Pior que amar assim... É a certeza de ser impossível esse amor...
É ter de aceitar e compreender... Que amanhã será outro dia...
E você permanecerá sozinho... Que você sempre estará
Sozinho... Pois apesar de ser impossível.
Tem-se a certeza que em nenhum lugar do universo...
Encontrará outro amor assim... Grande o suficiente para que sozinho você sofra! Sozinho você chore! Sozinho você morre aos poucos e a cada dia! Por que esse amor é assim... Generoso, compreensivo... Ao ponto de abrir mão de sua felicidade... De seus sonhos... Para que o outro onde estiver... Possa prosseguir feliz! Amor a antiga que renasceu quando retornastes e morre de saudade a cada momento... Como um pássaro queimado pelo fogo da ausência... Teima em continuar e sobrevive como a fênix... Renascendo a cada instante das próprias cinzas... Para assim quem sabe... Poder beijar teu rosto mesmo sendo em pensamentos... E me sentiras como o afago leve do pousar de uma pequena mariposa.
Rosas do Tempo
Parte 2 -Darçoni M. Chaves
Prudência
As coisas nem sempre estão prontas para todos...
Por mais que você observa tudo a sua volta,
Você percebe que suas atitudes,
Não são convenientes para o momento.
Observar o outro... E sentir, analisar...
Como ele reage diante das atitudes que você toma,
Como ele recebe o que você oferece...
Por que nem sempre as pessoas estão preparadas,
Nem sempre elas são merecedoras do que você tem,
Para oferecer... Para demonstrar... Para te redescobrir...
As pessoas nem sempre estão prontas,
Para lidar com o inesperado... Com o imprevisível...
Para muitos é assustador lidar com pessoas profundas.
Pois aqueles que têm no coração sentimentos intensos...
Podem não ser compreendidos... Aceitos...
Por aqueles que só sabem de sentimentos rasos...
É de difícil leitura a intensidade...
É difícil para muitos apreender o que vêm do outro...
Principalmente quando o outro não está pronto... Não está aberto...
Para desenvolver a coragem necessária,
E acabam sucumbindo no medo que trazem de se permitir
A mergulhar por inteiro nas sensações causadas pela gente
As pessoas nem sempre estão prontas para essa conversa.
Seja prudente, com você... Com o outro... Com o que ofereces
Evite frustrações!
Atitudes
Demorou muito tempo... Um longo, longo tempo
Para que eu despertasse para a vida... Para a realidade,
Mas em fim conseguir romper o casulo que me deixei prender
Consegui romper as barreiras que impediam olhar para mim,
Hoje o dia me parece diferente... Estou liberta!
Perceber que estive presa por tanto tempo ao passado,
Trouxe-me sensações contraditórias de dor e de liberdade
Não sei qual delas mais me assusta... Estou confusa ainda,
Embora eu tenha rompido com meu passado,
Não consigo determinar ainda quais as próximas atitudes
Que devo tomar... Quais decisões... O que esperar...
Hoje abri meu olhar... Pela primeira vez em décadas
Eu consigo me enxergar e observar todo contexto...
Estou me libertando de um sonho que era só meu
A motivação agora é resgatar meu ego de maneira saudável
O dia de hoje é de renascimento, de descoberta de mim mesma
Fui imprudente em minha caminhada para no final dela
Encontrar o nada... O vazio... O raso...
E o raso não me satisfaz... Vou tomar atitude
Eu preciso resgatar a consciência de mim, o meu valor,
A minha essência é bela, rica, criativa...
Reage menina... Mostre ao mundo a que veio.
Sem medo
Olha-me no antes e no agora... Sem receios
Você pode olhar, mas não conseguira mais me enxergar
Não sou a mesma de ontem... Perdestes a importância
Você me perdeu no momento em que sua insegurança
Me fez enxergar meu valor, o tamanho que sou
O ser magnífico que me tornei...
E o quanto você contribuiu nessa descoberta...
Descobri a força incrível que tenho quando me mostrastes
A sua dificuldade em tomar decisões, em me enxergar...
Suas atitudes contribuíram para o meu despertar
Para que eu enxergue a mulher a quem me transformei
Você me ensinou uma dura, mas valiosa lição
Você me mostrou que eu estava cega esse tempo todo
Seu olhar de espanto e seu medo da vida só me ajudaram
A me encontrar, me descobrir... Isso me ajuda a me sentir
A aceitar e amar minha individualidade, minha liberdade
Valorizar a coragem e a sabedoria que a vida foi me talhando
Ao longo do tempo como uma pedra bruta dilapidou-me
Você perdeu exatamente quando me descobri ser um diamante raro
Hoje não tenho mais medo de perder você, porque me encontrei
E isso me basta... Simples assim!
Hoje sou minha prioridade, minha propriedade,
Obrigada por proporcionar meu resgate.
Investigação
Muitas vezes a verdade está nas entrelinhas
Seja de um poema, de um romance ou de uma vida...
Ler as entrelinhas de alguém pode te mostrar segredos
Ocultos por motivos diversos...
As entrelinhas das atitudes podem trazer escondido
Traumas de infância, de relacionamentos de acontecimentos
Ou mesmo o medo causado por crenças limitantes.
Ah! As crenças limitantes, com suas ameaças de pecados
Leva os homens a buscar o céu depois de mortos
Acreditando que precise antes abrir mão de seus prazeres
Mundanos na negação dos desejos próprios da carne...
As entrelinhas de alguém mostram o grau de infelicidade
Causadas pelo desejo do paraíso celestial...
Mesmo que isso transforme suas vidas em um inferno...
Que grau de miserabilidade reside nessas almas
Que triste investigar as entrelinhas de alguém e perceber
O quanto o medo do inferno ofertou-lhe uma vida incompleta
E um destino marcado por frustrações e insatisfações...
Ah! As crenças limitantes e os estragos que causam na alma
Humana que já chega à vida... Pecadora e profana... Que triste!
Que vida vazia, que destino desgraçado daqueles que se rendem
Aos padrões impostos por crenças limitantes... Investigue-se.
Uma resposta
Se em algum de seus dias futuros,
Você lembrar-se que existo,
E me procurar em seus pensamentos,
Lembrar-se do meu rosto, e sentir saudades...
Peço-te, me esqueça!
Se sentir vontade de me ver, me reencontrar
Se quando sentir-se solitário,
Buscar pela minha presença,
Acredite, não saberás onde me encontra...
Quando precisar de um carinho, uma mão amiga,
De alguém que te estimule a continuar,
Não pense em mim...
Não creia que eu esteja à disposição,
Não estarei mais a sua espera...
Não guarde lembranças minhas,
Por que eu apaguei as lembranças tuas...
Estarei ocupada demais recuperando minha paz.
Talvez um dia você desperta e queira para minha vida regressar,
Pois entenderás que só por mim foste amado,
Mas já será tão tarde, estarei tão distante e tão fria,
Que só o que ouviras de mim será... Nunca mais volte!
Eu já não sou mais a mesma...
Não sou não mais
O seu retorno aconteceu de surpresa,
Não esperava um dia te reencontrar,
No primeiro momento pensei ser um sonho
A realização do final de uma longa espera...
Mas porem, entretanto veio logo a decepção...
Descobri da pior maneira que não sou,
Não fui e nunca serei aquela saudade que te acompanhava,
Sua saudade era outra... Era uma saudade problemática
Cheia de medos e inseguranças as quais você alimentava,
No principio senti pena de ti, mas refletindo melhor...
Senti piedade da outra, da fraqueza, da falta de amor próprio
Da outra...
Então compreendi e aceitei seu descaso como um premio,
E ao mesmo tempo agradeci esse golpe da sorte...
Sou demais pra você, sou o inverso da outra...
Que bom você me mostrou muita coisa, e entre tantas...
Sou demais pra você, não caibo em espaços pequenos
Não admito que me domine, sou bicho solto
Leve, livre, independente, equilibrada e forte,
Sei muito bem que sou capaz de ser feliz sozinha...
Entrego-te de presente para que continues a manipular
Corações e mentes fracas, e isso não terás em mim
Não sou não serei, não caibo, não mais na sua vida.
Silenciosamente
Voltastes tão silenciosamente... Quanto partiu,
Nunca soube o que levara na bagagem,
Nem tampouco quem acompanhava seu coração
Ou quem povoava suas memórias...
Hoje sei, seu silêncio e atitudes me dizem
Gritam muito mais alto do que podes imaginar
Levou em sua bagagem um amor doentio
E voltas com esse mesmo amor
Transbordando na loucura...
Não sei qual dos dois é mais insano,
Mas silenciosamente percebi,
Que vivi muitos anos um engano
E hoje me sinto liberta de ti...
Enquanto te sinto mergulhado
No mundo sombrio que te conforta,
Estou leve, pois a verdade é o que importa
Estou livre pra entrar por outras portas...
Vocês dois foram às chaves necessárias,
Que fecharam e abriram meus caminhos...
Estou pronta para novos amores e começos
E me despeço do passado e de ti...
Saindo de sua historia... Assim silenciosamente... E fim!
Amores caóticos
Já morri varias vezes,
Foram mortes esporádicas, intermitentes...
Mortes provocadas por amores, situações, episódios caóticos,
Sou sobrevivente de dias tempestuosos...
De incompreensões...
De interpretações erradas de pessoas maldosas.
Morri diversas vezes,
Quando tentaram questionar a minha essência...
Quando tentaram frear a minha pressa em viver...
Quando interferiram nas minhas escolhas...
Mas também matei muitos pelo caminho,
Matei aqueles amores caóticos...
Amores de momentos, vazios, rasos...
Matei centenas de lembranças do passado...
Lembranças que nada acrescentam...
Lembranças que foram carregadas de tristezas
Lembranças que me eram tão caras e hoje já não importam mais,
E finalmente entendi que para sair do caos é preciso matar e morrer
Hoje recomeço a vida... Reinicio minha história...
Ao sair desses amores caóticos meus sentidos se atualizam,
E tudo o que um dia pensei ser importante... Foi resetado
O caos me libertou de mim mesma... Estou pronta
Pronta pra seguir em frente... Vazia e sozinha!
Passagem de ida
A tarde estava tão bela naquele lugar,
Naquele lugar de onde eu precisava ir embora,
Observei tudo em minha volta... Apenas a tarde era bela...
Mas o ambiente estava diferente...
Estava me sufocando aquele espaço pequeno,
Esse espaço era sua vida... Cheia de gavetas...
Senti-me acuada, frustrada, desesperada...
Estava ali presa em um ambiente pouco acolhedor...
Iludida dentro de um coração vazio...
E de uma vida rasa de sentimentos, de emoções...
Ensurdecida por falta de palavras de acolhimento...
Emudecida por falta de espaço... Presa, amordaçada...
Você me proporcionou apenas um frio espaço na sua vida...
Espaço insuficiente para jorrar o tanto eu tinha para dizer...
Então, como senti não fazer falta,
Não me adequar a sua realidade,
Entender que não caibo em suas pequenas gavetinhas...
Fiz as malas e você nem percebeu que estava me perdendo...
Outra vez...
Talvez um dia você sinta minha falta...
E nesse dia perceberás que há muito... Fui embora...
E a passagem que comprei foi só de ida... Não! Não tem volta.
Via de mão única
Quando você percebe que não há reciprocidade
Quando apenas você se doa, se importa...
Quando você entende que o outro não te percebe...
Você está amando sozinho...
Então é hora de levantar-se dizer adeus e ir embora
Pegue seu amor próprio e mude sua direção...
Tenha consciência dos múltiplos caminhos que te aguarda
Analise as variadas opções que a vida te apresenta...
Quando alguém não te acolhe,
Não se importa em te ver indo embora...
È sinal que seu tempo ali já se esgotou
Você cumpriu o tempo necessário em estar ali
Você aprendeu nesse lugar tudo o que precisava aprender
Então não se demore... Vá embora...
Não fale não peça, não se manifeste...
Apenas acolha seu orgulho e vá embora...
São sinais que ali não é mais o seu lugar
Nem mesmo aquela é sua pessoa... Vá embora...
Isso serve como lição de vida para todos os setores
Da vida... Onde não te couber... Só vá embora!
A vida é muito curta pra seguir numa estrada de mão única.
Pagã
Nasci livre, mutável, fragmentada... Independente...
Sou da natureza nua... Não tenho deuses para adorar,
Nem creio em profecias... Nem sigo dogmas religiosos
Meu dom maior é sumir... Desaparecer... Esvair...
Sou um paradoxo... Trago na alma uma mistura impar...
De presenças e ausências muito rápidas e sutis,
Passo de um extremo ao outro em segundos...
Sou pagã, não carrego bandeiras religiosas...
O meu sagrado está no sorriso verdadeiro...
Nas emoções genuínas... Na rebeldia contra a opressão
Nos comportamentos que condizem com as palavras...
Nunca estou igual... Sou totalmente complexa...
Não me pressione... Não tente me prender... Eu fugirei...
A multidão me assusta... A floresta me acalma...
Gosto de cachoeiras, da musica do mar, de sentir a terra molhada...
Olhar o céu azul, apreciar o entardecer...
As futilidades me causam confusão, aflição...
Adoro as águas, a terra, o ar, o vento, o sol, a lua
Sou pagã por não acreditar no inferno, no pecado...
Não assimilo as crenças por elas serem limitantes...
Nasci livre e nada consegue prender minha essência...
Selvagem, mutável, complexa, rebelde e sonhadora.
Tributo a Hiroshima e Nagasaki
Vivo a sonhar transpondo as barreiras da história,
Humanidade! Por favor, deixe-me sonhar, idealizar...
Deixa que meu sonho invada o espaço sideral,
Que entre alienígenas meus antepassados...
Permita-me ser imortal, ser transportada para uma viagem cósmica,
Contemplar acima do planeta a desnecessária poeira atômica...
Mortal, desumana, surreal, maldade sem razão... Banal...
Talvez nesse delírio possa enxergar anjos biônicos, desnudos...
A levitar sobre essas nuvens sombrias,
Que povoam os céus dos que se julgam racionais,
Pode ser que ali ouvirei o eco das vozes inocentes em desespero
Vitimas dessas guerras biológicas, ideológicas, absurdas...
Eternizadas pelo ronco de aviões pilotados por seres alienados
Guiados em nome do patriotismo e ideais podres, pobres, fúteis...
Na defesa do egoísmo e ganância de poderes institucionais...
Quero sentir que a atmosfera se liberte e possa se despir
Desse oxigênio envenenado, criminoso,
Ver as bordas do universo a se expandir e o amor entrar,
Que esse amor possa abrir a mente dos poderosos,
E os deuses voltem a sorrir para a humanidade...
E que o cheiro podre dessas rosas atômicas
Desapareçam para sempre da memória e vontade dos homens...
Minha voz
Filhas minhas
Quando eu partir desse mundo... Não chores, nem diga adeus...
Saiba que estarei presente. Guiando os caminhos seus.
Quando eu partir não entristeça... E me entregue a Jesus,
Por que Ele o filho de Deus... Ajudou-me com minha cruz.
Quando eu for, não se lastime. Mas faça-me uma oração,
Pelos pecados que fiz. Talvez não tenha perdão.
Quando eu morrer não se revolte. Nem coloque culpa em alguém,
Foi apenas minha hora. Todos têm a sua também.
Sabe, aqui nada é eterno, a vida é só um momento.
Só a morte é coisa certa. Então... Viva sempre plenamente
De forma simples, correta. Plantando boas sementes.
Espero-te na escola das almas. Temos muito a aprender,
Para tentar errar muito menos, se outra vez reviver.
Darçoni Chaves
Meus passos
Com passos incertos e tempo indeterminado segui,
Procurando respostas para minha solidão,
Minha alma seguia solitária, vazia e fria
Vagava incerta pelos caminhos que meus passos guiavam-me
Cresci assim, extremamente sozinha e incompleta,
Indiferenças foram meu lema e impiedade palavra chave,
Desprezo por tudo e por todos tinha por companhia,
O mundo que eu via não tinha cor nem sabor, nem graça.
Porem um dia sem pedir, sem esperar...
Entra um anjo em meu destino, me deixando indecisa,
Paralisada estive diante de tanta ternura daqueles olhos negros,
Ele veio do nada, refez meus planos, mudou meu mundo.
Antigas lagrimas ele transformou em sorrisos, mudou minha face,
A indiferença me transformou em contentamento,
Aqueceu minhas noites antes frias,
E meu corpo repousou na paz de seus braços.
Assim como a noite trás um novo dia...
Seus passos trouxeram você ao encontro dos meus,
E eu te amei intensamente como nunca soubera ser capaz,
De um dia amar tanto alguém assim... Como te amei.
Darçoni Chaves
Opostos
Tu és saudades...
Eu solidão.
Tu és amor...
Eu ilusão.
Tu és desejo...
Eu paixão.
Tu és real...
Eu, fantasia.
Tu és sonho...
Eu pesadelo.
Tu és certezas...
Eu reticências.
Tu és alegria...
Eu tristeza.
Tu és conto...
Eu poesia.
Tu és tudo...
Eu sou apenas
Prisioneira da minha solitude.
E nada mais...
Darçoni Chaves
Leveza
Para sustentar a insustentável condição humana,
É preciso ter o dom e o talento de um equilibrista.
Equilibrando ao Maximo as mínimas situações da vida,
Buscar aceitar as coisas e as pessoas como elas são,
Lutar contra os preconceitos e esclarecer os preconceituosos.
Olhar para a realidade e dela tirar lições.
Que por mais dolorosas ou gratificantes,
Que sejam... trabalhar para melhorá-las
Admitir os próprios erros do passado, para acertar no futuro,
Sentir nas despedidas a esperança das voltas,
Aprender que depois de cada lagrima caída,
Virá um sorriso aberto, feliz.
Temperar a rotina com doses generosas de amor,
Cultivar sempre que possível o carinho, a compreensão.
A leveza por mais difícil que seja sua conquista,
Requer sonhos bem alimentados...
Consciência tranquila...
E paz de espírito...
Ter consciência do outro e de quem somos,
Eis o segredo para tornar a vida mais leve,
E alcançar mesmo que utópica,
Alguma sustentabilidade da nossa condição humana.
Blues do caos noturno
Corta a noite diabólica, Vassouras motorizada
Rumo a rituais satânicos... Em pleno século XXI.
Vôos informatizados... Infernais,
Digitalizados pelo poder da mais pura maldade.
Sentimentos programados, gravados em sistemas de terror,
Vassouras moderna, bruxas motorizadas,
Cruzam o espaço em noites de lua cheia,
No espaço frio... Meteoritos em chamas,
Presos em redes de borboletas,
Inocentes como sorrisos de crianças,
E cegos para os olhares da beleza.
Sem direito do descanso pela morte,
Cruzam os céus, bruxos mestres motorizados.
Com suas velhas vassouras e jeans surrados,
Vão preparar suas poções em caldeirões de barro,
Sentados á beira do Vesúvio para contemplar,
A incompreensão humana, demoníaca.
Em plena era de aquário, esta a regressão da humanidade,
A repressão da inteligência pelas mãos dos poderosos,
O apocalipse moderno impiedoso, rico em crueldade,
O sofrimento nuclear rico em crueldade e pobre em sabedoria,
É o fim, é a morte, é o caos e depois dele o nada... Nada mais.
Quero de volta minha velha vassoura e meu jeans surrado.
Desordem
Devagar você chegou...
Confundiu minha cabeça,
Bagunçou a minha calma,
Revirou a minha mesa.
Revistou os meus armários,
Revelou os meus segredos,
Me fez amar sem poder,
Trouxe pecados e medos...
Investigou o meu corpo,
Achou resposta pra tudo,
Hipnotizou minha alma,
Conquistou todo o meu mundo,
Agora diz que vai embora,
Depois de tanta mudança...
Deixando a casa em desordem
Levando a paz e o sossego...
Não me deixa alternativa
Pois me perder não tem medo...
Te expulso da minha vida,
Fique bem longe de mim,
E vamos por nessa historia,
Somente a palavra fim.
Um privilégio
Entre o céu e a terra existe
Um lugar pra contemplar
Onde a natureza é bela,
E a poesia mora lá.
Entre o sonho e o real
Há um lugar pra se inspirar,
Aquele que canta o amor
Pode em fim descansar.
Entre a terra e universo
Tem lugar pra repousar,
Quem buscou plantar a paz,
Sem medo de vacilar.
Feliz daquele que um dia
Teve a chance de viver,
O encontro com a magia,
De um poema escrever.
Jardineiro
Plantei canteiros de sonhos
Que floriu felicidade
Hoje regado com o pranto
Que faz crescer só saudades.
Principiante no amor,
No verso, na poesia...
Sou aprendiz a cantar,
A dor da vida vazia.
Tu foste o jardineiro perfeito,
Ensinaste-me a arte de amar.
Ontem me ensinou a viver...
Hoje me ensina a chorar.
No meu canteiro de sonhos
Tornou-se erva daninha,
Plantei expectativas...
Sei que a culpa foi só minha.
E as flores do meu caminho,
Não deixarei perecer...
As regarei com carinho,
Pra dar a quem merecer.
Darçoni Chaves
Utopia
Se eu pudesse mudar o mundo,
O faria em um segundo...
Voaria como o vento,
Correria como a água,
Pra mudar o itinerário...
Dos destinos dos que sofrem.
Inventaria novas formas de viver,
Extinguiria o egoísmo existente...
Cultivaria a igualdade entre todos,
Dividiria com o mundo inteiro,
A fome pela liberdade...
A sede pela vontade de viver...
Secaria cada lagrima de dor...
Trocaria o desespero pelo amor...
Transformaria o que é mal...
pelo bem que eu sempre quis
E no fim dessa jornada...
Eu morreria feliz.
Darçoni chaves
Insuficiência
Outro dia chega...
E novamente estou aqui,
Assistindo a vida passar.
Os dias passam por mim,
A vida flui e eu sem coragem
Para encará-la de frente...
Um simples ruído me assombra,
Meus espaços todos ocupados pelo medo.
Nesse mundo particular,
Sobrevivo...
O desanimo me paralisa,
Não confio em nada mais...
Há tempos perdi a esperança,
E tremo diante das mudanças,
Pois eu sei que tudo mudará,
E amanhã eu já não serei a mesma...
Nunca saberei... Quem sou...
Nem se algumas pessoas ainda saberão...
Sobre quem sou.
Darçoni Chaves
A criação
Se perguntares ao tempo o que fui...
Certamente a resposta,
Assim seria...
No passado do seu dia sou lembranças,
No escuro de sua noite,
Fui seu guia...
Pergunta-se o que sou, e como sou...
Pare e ouça o que o tempo te dirá,
No presente sou surpresa e descobertas,
Nas verdades que as lições te mostraram.
Se ainda não souberes o que sou...
Essa resposta seu coração vai dizer,
Que sou saudades de um dia que passou...
Sou alegria quando outro amor nascer,
Sou a cicatriz que marcou suas feridas,
Sou a esperança de um novo amanhecer,
Eu sou a vida que habita o seu corpo...
Estou na fé que sustenta o teu ser.
Darçoni Chaves
Chuva e frio
Apenas uma certeza nos resta,
Pois com o tempo a saudade virá,
Chegara assim de mansinho...
Sem contar... Sem perceber... Sem avisar.
Como a chuva de verão...
Como o frio de inverno sempre chega,
Esse dia de saudades chegara,
Pra te contar sobre os seus desacertos...
Na saudade um dia descobriras...
Que os amores na vida não são eternos,
Que as paixões da vida não são iguais...
Que o passado não aceita correções...
Que o futuro é incerto, imprevisível,
Que seu presente é só saudade... Nada mais.
Darçoni Chaves
Minha rua
Amo...
As manhãs ensolaradas...
Amo as frias madrugadas,
E as noites de temporais.
Amo o vento, brisa mansa...
Qual sorriso de criança...
E os fortes vendavais.
Amo até a minha rua...
Sem asfalto, triste, nua,
Buracos e lamaçais...
Sei de cor sua rotina,
Sempre acorda tão menina...
Tão suja, tão minha... Que dor!
Mas para mim não existe
Por mais minha rua ser triste,
Ainda há certa graça,
Por que é por ela que passa,
O dono do meu amor...
Darçoni Chaves
Sem nexo
Sem peso, sem saída,
Sem vontade, sem direitos,
Sem dever, sem maldade.
Sem amor, sem mentiras,
Sem vaidade, sem espera,
Sem cor, sem razão,
Sem valor, sem desejos.
Indiferença, desigualdade,
Sem paz, sem sonho,
Realidade nua e crua.
Ansiedade no meu peito,
Preconceito, não é justo,
Esquecer-te não tem jeito,
Que saudade, sem idade,
Do meu tempo, velho tempo,
Sem ter tempo...
Para a tal felicidade!
Darçoni Chaves
Naufrago
Viajei em um barco sem rumo... No estranho mar da vida,
Remei de encontro aos dias... Os dias são contas perdidas.
Extrai do ar o perfume... Da leve brisa que passa,
Joguei ao mar os ciúmes... Das águas que te abraçam.
Roubei do vento uma caricia... Com mão doce, delicada,...
Aprendi a ser malicia... Perdi-me assim para o nada.
Analisando meu barco... Depois de tantas lembranças,
Onde passei só ficaram... Os sonhos, as esperanças.
Sou marinheiro perdido... Pirata sem coração
.Roubei do todo o amor... Só o seu que ainda não.
Vou repara no meu barco... Avarias que restou,
Voltarei ao mar da vida... Pra conquistar seu amor.
Darçoni Chaves
Uma menina, uma rosa
Um dia ao cair da tarde,
Um milagre aconteceu,
No instante em que uma rosa,
No meu jardim floresceu.
Uma roseira enciumada,
Que se cobriu de espinho,
Adivinhando que havia,
Uma menina a caminho.
Corre a menina contente,
Para a roseira ensimesmada,
Vejo uma rosa em pedaços,
E uma mãozinha espinhada.
Encontros inevitáveis,
Não podem ser diferentes,
São os erros e acertos,
Que vem pra ferir a gente
Não fui uma mãe zelosa,
Não cuidei a vida inteira,
Perdoe-me filha minha,
Por eu ser como a roseira.
Darçoni Chaves
Covardia
Preciso confessar a mesquinhez,
De nunca desejar o seu carinho,
Apenas te usei para curar,
As dores do meu triste coração.
Tentei por algum tempo acreditar,
Que seu amor seria o melhor caminho,
Mas na primeira chance vacilei,
E sem pensar, eu te deixei sozinho.
Sai de sua vida sem olhar pra trás,
Deixei-te, te abandonei como fui capaz...
De ferir um sentimento que só queria me dar paz,
Não consigo esquecer a sua emoção,
Quando carinhosamente me estendeste a mão,
Porem reconheço que um dia,
Eu me afastei de você por covardia,
Eu sei que só te fiz sofrer, te fiz chorar,
E se arrepender por ter se entregado a mim um dia.
Mas hoje eu confesso ex- amor...
Que nessa vida minha...
Que você é o refrão da musica
Que nunca consegui compor...
De tanta dor... Do meu desamor.
O que restou de nós
Darçoni Chaves
Eu só queria ouvir de ti
Diga-me agora o que eu faço com essa solidão,
Como preencher esse tempo de espera,
Que só trouxe ilusão para o meu coração.
Diz que tudo que sonhamos,
Nunca foi amor, foi uma simples brincadeira,
Algo sem valor.
Eu preciso que me olhe se for capaz,
E admita que só quisesse roubar a minha paz,
Que pra você eu fui apenas um tanto faz,
Um caso a mais... E nada mais...
Então eu lhe direi como estou,
O que sinto sobre tudo que passou,
O nada que entre nos restou,
Além de magoa, rancor e dor... Infinita dor!
Darçoni chaves
Profecia
Tremei terra, tremei mares,
Tremei todo firmamento
Pois o planeta anuncia,
Um triste acontecimento.
Orai, pois e vigiai...
O nosso fim esta chegando
Para cumprir o escrito
A terra está rebelando.
Ela não suporta mais
Tanta violência e maldade,
E sua única defesa
É destruir a humanidade...
Dias sombrios chegando
Mudando as estações
E a ganância explosiva
Pairando sobre as nações...
O homem perdeu o respeito
Pela própria natureza
Destroem tudo com fogo
Com pragas, fome, doenças,
Tremei humanos, tremei
Sua própria destruição,
Rosas do tempo
O tempo correu rápido demais,
Vi a vida se esvaindo pelos vãos dos dedos,
A mão do tempo plantou em meus dias as rosas...
As rosas em forma de poesia diária... Infinitas...
A poesia nasce assim quando nasce o sol...
A cada amanhecer, o simples despertar
Para um novo dia faz o coração se alegrar...
E o presente é recebido com muita gratidão...
Gratidão por mais um dia de vida...
Gratidão por ter diante dos olhos o presente...
Cada dia que nasce é uma caixinha de surpresas,
E depende de cada um, o que irá retirar desse dia
Muitos tiram lembranças, esperanças... Alguns tiram
Desanimo tristezas. Outros, como eu poetas loucos,
Preferem tirar o belo, a gratidão e o otimismo...
E assim dia após dia eu venho cultivando...
No jardim da vida, as minhas lindas rosas do tempo!
Escolhas
A vida é feita de escolhas
E as escolhas determinam o caminho,
Cada passo nessa estrada... Leva-nos a destinos diferentes,
Foi o que aconteceu conosco... Foi o que aconteceu contigo...
Nossas escolhas nos levaram... Para destinos diferentes...
Não soubemos traçar um itinerário,
Que pudesse nos levar a caminhar juntos... Perdemo-nos
Pelas encruzilhadas... Dos caminhos que escolhemos...
Mas, embora os passos que um dia nos afastaram
São os mesmos passos que hoje nos aproximam...
Infelizmente nesses desencontros...
Escrevemos historias muito diferente...
E assim como a estranheza entre nossas escolhas
Também nos tornamos dois estranhos...
Hoje somos criaturas diferentes... Não nos reconhecemos mais...
Apenas restaram as lembranças de infância...
Que nos une e ao mesmo tempo nos separa...
Escolhemos a distancia, a ausência...
E o resultado disso tudo é a sensação do não reconhecimento...
Do não pertencimento... Escolhemos o mundo,
Abandonamos a gente... Escolhas tristes!
Frieza
Quando penso em você...
Sinto como se minhas lembranças,
Estivessem naufragando em um mar gélido...
Onde reina seu coração frio, gelado, distante...
Se eu pudesse apagaria todas as memórias,
Que trago em mim...
Que provoco em ti...
Não foi intencional reviver essas lembranças...
Nunca te causaria sofrimento de forma planejada...
Não chego a ser tão fria e calculista para promover tal situação
Mas, sinto... Eu te provoco sofrimentos... Deixo-te confuso...
Sinto muito, por acarretar tanta dor no seu coração...
Por te deixar confuso... Distante... Frio... Inacessível.
Como posso corrigir tal erro se não existe culpa...
Como pedir desculpas por algo tão perdido no passado
Não consigo compreender por que te faço se sentir tão mal...
Por que me negas o acesso as suas emoções...
Por que tem medo da minha intensidade e das nossas memórias...
Francamente me arrependo de ter nos reencontrado...
Estávamos em paz, vivendo nossas vidas miseráveis...
Acho que devemos voltar a esse grau de miserabilidade
Do que enfrentar o iceberg que transformei seu coração...
Vou te esquecer... Faças o mesmo... E tudo voltará ao normal.
Almas doentes
Eu tenho medo de olhar nos olhos de muita gente,
Tenho pena quando enxergo em alguns uma alma doente,
Essas almas estão incompletas, perderam sua luz, seu brilho,
Consigo vê-las, enxergá-las e senti-las... Sofro com elas,
Por elas e como elas... Adoecem-me...
As almas doentes tentam se mantiver escondidas... Seguras
Reclusas em seu mundo sombrio, frio e triste...
Pobres almas! Soterradas no desconforto de suas prisões
Prisões tão diversas quanto os sentimentos doentios
Que cada uma carrega, mas que às vezes deixam se mostrar,
Transparecem nos olhos opacos e sombrios das almas adoecidas
Adoecidas pelas magoas, pelas dores, pelas lembranças...
Mas a maioria fica doente por carregarem sentimentos pesados,
Ganância, avareza, inveja, orgulho, luxuria, e tantos outros...
Sentimentos que aos poucos retiram a pureza das almas inocentes
E as transformam em farrapos humanos...
Eu tenho medo do olhar das almas doentes...
Eu tenho pena ao perceber uma alma doente...
Elas não entendem que estão feridas e condenadas
São infelizes por aceitarem a prisão das crenças que as limita
Dos comportamentos que lhes foram impostos...
E pela padronização que estão inclusas... Pobres almas doentes
Que nunca saberão que a cura está na liberdade...
Autistas
De um modo especial foi gerado,
Um embrião germinado... No solo quente e fértil...
Do útero materno...
Despertado, sai do casulo acolhedor,
Para enfrentar a hostilidade do mundo externo,
Nos primeiro tempo tudo parecia normal...
Mas aos poucos foi-se descobrindo ser diferente...
Enfrenta preconceitos de quem pensa ser normal...
De quem lhes nega o direito de voar, de crescer, de florescer...
Mesmo não podendo correr e brincar como outras crianças
Ainda mantêm sonhos, planos, que enfrenta com coragem,
Precisa apenas de ser aceito, de ser compreendido,
Pois serás sempre em ser especial...
Dotado de uma enorme capacidade de amar
E de uma grande necessidade de ser protegido,
Para que não se sinta magoado, ofendido...
Pela indiferença dos “ normais”
Mas o que é realmente essa tal normalidade?
Se não apenas uma semente preconceituosa
Plantada no meio da vida social.
Darçoni Chaves
Minha Jane, minha criança
Minha luz, força e coragem...
Meu alicerce e minha salvação
Que me livra de tantos erros
Em nome de te amar...
Sinônimo de inocência e dependência de mim...
Mistura de peraltices e amor...
Criancice construída por mimos e caprichos..
Egoísta por afetos por ser única...
Amor maior da minha vida...
Que me faz feliz com teu sorriso...
E me destrói ao te ver sofrer...
Seus medos foram os meus...
De escuro, de cachorros, de injeção...
Adocei sua infância, sua vidinha...
Sorvete, chocolate, kinder ovo, carinho...
Proteger, minha maior missão...
Educar-te minha obrigação,
Permitir-te voar, se descobrir
Minha maior aflição...
Mesmo preocupada sempre te mantive livre...
Voa meu passarinho... O mundo pertence a ti!
Amar-te-ei ei eternamente! Mas voa alto como as águias!
Criei-te pra ser uma delas!
Hipocrisia em versos
Perdoem-me o que escrevo, e a minha comparação...
Mas não pude me conter em fazer essa observação
Como a humanidade se comporta em certa situação.
Agimos como cachorros roendo os ossos da vida
Às vezes aves depenadas que a pena deixou perdidas...
Por vezes somos rios secos sem ter vida sem ter água...
Restando barro, lama, poluição, nada mais...
O bem quase nunca fazemos, e o mal fazemos demais.
Parecemos macacos sabidos, na vida fazendo feio...
Sentamos no próprio rabo, falamos do rabo alheio...
Se enfrentarmos dissabores joga-se a culpa em alguém,
E para os erros que cometeremos um motivo sempre tem...
Se pararmos pra pensar apenas por um momento
Sei que se incluirá nesse humano comportamento,
Damos ao mendigo o escárnio, do rico temos inveja,
Rotula de preguiçoso o pobre e o doente despreza
Observe os cachorros e as aves depenadas
Veja seu comportamento e se sentira quanto és
Um simples nada!
Darçoni chaves
Tributo a Ariquemes R.O
Baila em suas ruas jericos velhos, fumaça leve...
Cidade criança, inocência pura, transparente...
Zelosa, desvelosa assim te sinto, assim te vejo,
Em sua grandeza segues altiva, esperançosa...
És como ave de arribação, mudando, transformando...
Se expandindo, abrindo asas e caminhos...
Crescendo a cada dia, majestosa, com força e coragem...
Característica da luta e união de seu povo...
És sempre mãe amável e gentil...
Acolhes aqueles que contigo ficam...
E deixa saudades em quem partiu...
Percebo-te tão menina... Com tanta graça no ar...
E sei que o seu destino será para sempre brilhar,
Ah! Ariquemes querida...
Sem querer te deixei e fui embora...
Mas saiba cidade linda...
Que mesmo aqui distante...
De saudades... Tem um coração que chora... E te adora.
Darçoni Chaves
Meu menino triste
Um dia frio... Um menino triste...
Chegou na rua da minha vida...
Bateu na porta do eu coração...
Pegou em minhas mãos, e me falou de suas dores,
Um dia de inverno... Aquele menino triste
Foi acolhido na casa da minha esperança...
E pedindo licença... Entrou.
Descalçou seus sapatos... Despiu-se de suas roupas...
E na paz de minha alma, deitou,dormiu e sonhou...
Quando percebi...
O menino triste a minha poesia invadiu... Apossou-se...
E de todas as suas magoas no meu poema se despiu...
Mas, um dia quando o inverno passou...
O meu menino triste partiu...
Sem avisar, sem despedidas... Simplesmente sumiu.
Sem um aceno, sem um adeus, sem uma palavra sequer...
E na sua partida eu fui procurar minha alegria...
Mas ninguém soube. Ninguém a viu...
Acredito que com o menino triste
Minha inspiração também fugiu...
Para alguma rua, para outra estação...
De alguma vida qualquer.
Entre as rosas do tempo
Em meio aos canteiros das rosas
Que plantei ao longo da vida,
Algo brilhante apareceu...
Tinha tanto brilho... Tanta beleza...
Que ofuscou meus sentimentos...
Atordoou minhas emoções... E me deixei fascinar...
Era tamanho o seu brilho que me fez acreditar,
Que em fim havia ali algo de valor...
Ledo engano meu...
Era apenas um cristal comum...
De valor irrisório... Perecível, mascarado...
E quando sua mascara caiu me senti aflita, desconfiada.
Pois tenho medo de outra vez...
Ver outro brilho entre as rosas do meu tempo
Outro brilho...
E descartar um diamante valioso
Por medo de ser só mais um cristal barato...
Fiquei seletiva e exigente demais...
O mundo não está preparado pra essa conversa...
Oração de uma mãe
Sou mãe e hoje venho,
Prostrada aos pés de Jesus,
Pedindo que e fortaleça,
Pra suportar minha cruz.
Sou mãe de coração partido,
tenho a vida esfacelada,
fiz uma escolha infeliz,
hoje me sinto culpada.
Existem coisas na vida,
Que muito nos faz sofrer,
Sentir o abandono de um filho,
É pior do que morrer.
Filhos são grandes tesouros,
Mesmo quando estão errados,
Dói na mãe quando lhes zombe,
E mais quando são julgados.
Não há amor que resista,
Nem amizade que dure,
Quando sentimos que alguém,
O nosso filho tortura.
Senhor pai é muita dor,
Esgotou minha paciência,
Por isso aqui estou,
Pedindo vossa clemência.
Pai! Livrai-me deste destino,
que e fere sem ter dó,
sou apenas uma mãe,
sentindo-se muito só.
Desculpe meu desabafo,
Não tenho com quem falar,
Me de paz, compreensão
Paciência para esperar,
O milagre de um dia, Eu o verei regressar,
E de seus problemas sanar.
Meu Deus eu me sinto aflita,
Mas sei que vais me ajudar,
A ter calma na espera.
E o dom de perdoar!
Deserto
Ninguém nessa vida nasce perfeito,
Viver exige mudanças continuas,
É uma existência que é preciso aperfeiçoar,
Um coração profano de erros e desenganos,
Rebeldias pra se domar.
Uma existência apenas não basta,
Quando a índole é devassa, e não quer colaborar.
Nascemos em solo infértil,
Tão árido e tão desértico,
Onde nada nascerá.
Somos ainda ervas daninhas,
Pegajosas e mesquinhas,
Que teimam em nós brotar.
Eis assim o meu rincão,
No chão do meu coração,
Amor jamais brotará.
Serei sempre solidão,
Aqui ninguém vai morar.
Mercadorias
O comercio se abriu, vai lucrar, explorar...
Pra vender o nome de Deus menino...
Não há paz...
Não há luz...
É natal!
Não há sol...
Não há brilho...
É natal!
Não há tempo...
Não há hora...
É natal!
Todo o mundo... Em alguns segundos...
Canta, brinca se embala, se encanta...
Mas se engana...
É natal...
O comercio assim diz...
Tire um dia pra ser feliz...
Mas não há nada de mal...
Vão as compras... Gaste tudo...
Esqueça a geladeira vazia... É apenas...
A chegada do natal!
O que há de mal?
Currículo da autora
Nascida em Paranaíba, Mato Grosso do Sul. No dia 28 de fevereiro de 1962.
- licenciatura plena em ciências sociais na UEMS- universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.
-Tecnóloga em Gestão Ambiental pela UNOPAR- Universidade Norte do Paraná.
- Escritora e poetisa, com duas obras publicadas:
- Autora da obra de ficção cientifica cujo titulo Surpresa no Gelo -2022
- Participante da coletânea de poesias – Janela Poética- composta por autores de Paranaíba MS- 1987.
- militante política sempre envolvida nas questões sociais.
- Presidente da Federação PSOL/REDE.
- Ambientalista na luta a favor de uma sociedade mais justa e sustentável.
Informações pessoais
Estado civil- viúva
Mãe de Jane e avó de Maria Eduarda e Ilda Maria.
Hobbies- leitura eclética, pintura em tela, desenha a lápis, escrita.
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