Powered By Blogger

Darsony Chaves

Darsony Chaves
Darsony Chaves

domingo, 18 de novembro de 2012

Resenha do livro A DIALÉTICA DO ESCLARECIMENTO: Fragmentos Filosóficos Theodoro W. Adorno e Max Horkheimer.


                         UEMS – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MATO GROSSO DO SUL
           Darçoni M. Chaves (G UEMS -UNOPAR)




A DIALÉTICA DO ESCLARECIMENTO:
Fragmentos Filosóficos
                                               Theodoro W. Adorno e Max Horkheimer.
                                                                                           

Paranaíba
2012




              A partir da obra Dialética do Esclarecimento, de Theodoro W. Adorno e Max.
Horkheimer procura-se compreender as razões desse mesmo processo de esclarecimento ser visto pelos autores como o caminho para o desencantamento do mundo e da forma como eles correlacionam razão e mito.
No entanto é preciso analisar em que condições tal obra foi escrita e os conflitos pelos quais passava toda a humanidade em meio a duas grandes guerras e no ápice de uma enorme transformação social.
O homem que saia de sua condição de submissão das forças da natureza e do jugo religioso cuja existência estava à mercê da vontade soberana de Deus e coagido pelo medo imposto pelas explicações mitológicas dos fenômenos naturais percebeu que com o esclarecimento alcançaria o domínio das ciências e com isso conquistaria sua autonomia, pois o domínio da realidade proporcionaria o desencantamento do mundo regido pelos mitos.
              Mas para os autores o esclarecimento ou a ideia de ser esclarecido por si só já é um grande mito e que a ordem que damos naquilo que julgamos conhecer aparece apenas como uma racionalização de um mito anterior. Isso faz parte do programa do esclarecimento, objeto da perseguição humana com o objetivo de livrar-se do medo e conquistar a condição de senhores.
A ciência vem tentando desmistificar a existência das coisas, e Bacon conhecido como o pai da filosofia experimental procurava através do processo da negação descobrir o que realmente havia de racional nos seres e no mundo, sendo assim ele desprezava aquilo que era visto como tradição.
A ciência moderna rechaça as idéias filosóficas do mito e procura explica-los, racionaliza-los dentro da história, enquanto a filosofia tenta normatiza-los e explicar seus fenômenos.
Com isso os mitos vão perdendo seu caráter místico e se revelando através dos experimentos e das descobertas cientificas, se afastando então do seu momento histórico e se aproximando do que se acredita real, mas ao mesmo tempo se reorganizando e se transformando.
Com a negação da metafísica os fenômenos antes vistos como algo sobrenatural passa a ser explicados através de estudos científicos racionais.
Já não mais se explica o mundo de forma mística, mas sim de forma racional e positiva o que ordena a realidade e fornece maior compreensão ao homem dando-lhe mais segurança quanto a sua existência e também da existência de todas as coisas.
Esse suposto conhecimento cientifico, cuja fórmula seria a de desmistificar o mito, em sua tentativa faz com que o próprio esclarecimento se mistifique e necessite de outra explicação racional como um processo de metamorfose.
A ciência se coloca como a ferramenta para a superação do mito, da lenda, da metafísica, da magia, mas sucumbe no mundo dos mitos que se formam pelo esclarecimento, então ela procura se auto - afirmar com base no conceito de uma ciência unitária, onde tudo, para justificar sua existência deve se adequar em uma unicidade e dentro de padrões universais.
A racionalidade segundo os autores, passou a desempenhar um papel fundamental na existência do homem á partir do momento em que ele passa a ter um maior domínio sobre a natureza e as suas invenções como a imprensa, o canhão e a bússola lhes deram mais condições de se desenvolver e a partir de então o mundo foi se transformando, mas o que realmente contribuiu para isso foi às descobertas, os saberes, os esclarecimentos do homem.
De acordo com a teoria proposta, quando o entendimento vencer e destruir todas as superstições ele então irá imperar e operar sobre a natureza desencantada.
 Quando o saber estiver à disposição de todos então se espalhará o poder e para o homem já não mais importará os conceitos da verdade, mas sim os da operacionalidade de procedimentos eficazes que promovam melhores condições de vida. E essa é a função da ciência.
Nessa condição de homem esclarecido ele irá cada vez mais buscar o desconhecido impulsionado pelo seu desejo de revelação, de explicar todos os mistérios.
Esse é o desencantamento do mundo, é a destruição do animismo, é a não admissão da existência dos Deuses punitivos para suas almas, pois não mais acreditarão na existência da alma que antes cumpria o mito de dar vida ás coisas.
Nesse trajeto, todos os fundamentos antigos cairiam, os conceitos seriam revistos, o que antes era conceito trocariam pela fórmula, a causa pela regra e probabilidade, tudo seria explicável a partir de critérios, de cálculos e de utilidade, e o mito seria derrotado pela força do pensamento.
Mas, segundo os autores o poder libertador do esclarecimento é o que o transforma em mito, pois se trata de algo totalitário que ao contrario de aparecer como libertador do homem, na verdade esse se faz prisioneiro daquele e o homem passa a viver sob o jugo do seu próprio esclarecimento, dominado por ele e reduzido pelas forças do cotidiano.
Assim o mito transformado em conhecimento também transforma a natureza em mero papel de objetividade e o homem a ele sucumbe mais uma vez, prisioneiro de tudo aquilo que ele julga exercer o poder e a sua libertação dos mitos, dos dogmas religiosos, das forças da natureza o transforma em refém do capital, dos modos de produção, da vida moderna.
O tempo e as transformações que vieram com o esclarecimento acabaram por entrelaçar o individuo nas teias do mito do trabalho e da dominação e ele se vê impotente diante dessa realidade e tenta se despir dos seus medos e avançar, pois o esclarecimento agora é dominante e não há mais lugar para exercer a sua humanidade plena ele está refém do mito da sua condição de homem social, civilizado e moderno.
Em tese, de todo o esclarecimento que o homem adquiriu durante a sua história não parece ter sido capaz de afastar ou destruir seus medos, e o medo primitivo mitológico sempre o fará regredir, como humano, como indivíduo.
 Em contrapartida esse mesmo medo que hoje o acompanha em não conseguir sobreviver diante do mundo desenvolvido e esclarecido, onde há os riscos da exclusão social, da incapacidade de suprir as necessidades do mercado de trabalho, da incerteza causada pelo mercado do consumo, e da sua insatisfação como mercadoria, que o absorveu no processo de coisificação da sua condição de humano, serve param impulsiona-lo.
È esse impulso provocado pelo medo que o faz lutar, ir em frente permitindo passivamente a sua massificação, a sua perda de identidade, a sua castração como ser pensante.
E tudo isso faz com que ele próprio, a sua arte, o seu saber, o seu esclarecimento se transforme em mercadoria e todo o seu sonho de liberdade se aliena na continuidade e reprodução de um sistema capitalista que o mantem alienado em uma falsa sensação de liberdade, mas que na verdade o aprisiona e o domina.
Como disse Schelling,quando o saber desampara o homem a arte entra em ação, pois ela está muito a frente da ciência. Mas o mundo burguês nem sempre abre espaço para as representações da arte ou da fé, pois elas se mostram como militantes em umas verdades não necessariamente universais e essas características de ambas podem ser nocivas para os planos da burguesia capitalista que pretende se manter no domínio do outro e no poder econômico e social.
Eis o conceito do esclarecimento Humano “O Homem fazendo-se crer livre torna-se escravo”.





3 comentários:

  1. Sua resenha ficou ótima, muito esclarecedora, pois no livro o autor floreia e dificulta a leitura, tornando-se cansativa.

    ResponderExcluir
  2. Sua resenha ficou ótima, muito esclarecedora, pois no livro o autor floreia e dificulta a leitura, tornando-se cansativa.

    ResponderExcluir